A Teoria de Tudo

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“A Teoria de Tudo” é uma bonita e sincera história de amor, mas não vai além disso

O físico teórico Stephen Hawking é uma das figuras mais interessantes da ciência moderna. O homem que se comunica com o mundo exterior através de um sintetizador acoplado em um computador, diretamente de sua cadeira de rodas ainda consegue deixar as pessoas perplexas sobre a sua superação e prolificidade de suas pesquisas cosmológicas. Em A Teoria de Tudo, dirigido pelo inglês James Marsh, Stephen sai um pouco da cena intelectual para se tornar o marido de Jane Hawking, contando 25 anos do relacionamento que foi um pilar para a superação e desenvolvimento acadêmico do físico.

Em “A Teoria de Tudo” o relacionamento de Stephen e Jane é explorado a partir da perspectiva dela. Baseado na autobiografia de Jane, Music to Move the Stars: A Life with Stephen – lançado recentemente no Brasil, com o nome do filme, pela editora Única – o longa conta como os dois se conheceram, o diagnóstico de Stephen, a decisão de Jane em ficar ao lado dele e as turbulências de 25 anos juntos. Apesar do ar de romance veiculado na divulgação, sempre tentando se destacar no filme, em nenhum momento são escondidas as maiores dificuldades do casamento, principalmente dada as circunstâncias.

Mas é também no aspecto de mostrar a excentricidade da rotina do casal Hawking que A Teoria de Tudo muitas vezes se apresenta superficial e com um roteiro apressado. O diretor e o roteirista parecem estar em dúvida se focam as ações em Jane e em todo o seu percurso – planos adiados ou abandonados, a solidão e os filhos para criar – ou se apenas querem mostrar a genialidade em que com o passar do tempo Stephen Hawking vai se adaptando à doença e continua o seu projeto de encontrar respostas para o universo. Eis o problema, o longa não faz nada para nenhum dos dois, trazendo somente o velho dramalhão de relacionamentos, como se nenhum dos dois protagonistas tivesse personalidade suficiente ou fosse ter a reputação manchada caso fossem longe demais.

Apesar da força da personagem de Jane Hawking – aqui interpretada por uma adorável Felicity Jones – é difícil não destacar a atuação de Eddie Redmayne que encarou de maneira brutal e grandiosa o desenvolvimento da E.L.A. – Esclerose Lateral Amiotrófica – desde os primeiros sinais até nos momentos mais difíceis da adaptação e aceitação da doença. Apesar de toda discrição, típica inglesa, Redmayne rouba a cena do espectador cuidando da atuação nos mínimos detalhes.

É estranho que a A Teoria de Tudo seja vendido como um filme sobre a história de Stephen Hawking, o que na verdade não é. E se fosse o caso, James Marsh, conhecido por excelentes documentários como O Equilibrista e o Projeto Nim, juntamente com o roteirista, não teriam conseguido captar quase nada do espírito científico de Hawking. No filme os professores e colegas do físico se limitam a dizer frases como “fantástico” e “brilhante” para as descobertas e nada é muito aprofundado. Nesse quesito o tão criticado “Interstellar” deixa o jovem e genial Hawking a ver navios.

A Teoria de Tudo é um típico drama-romance que tem o seu início, meio e fim em tons exatos. Leva espectadores à uma emoção ponderada, uma inebriante fotografia de época embalada à uma bela trilha sonora. Mas só faz isso pelo espectador. É difícil guardá-lo como lembrança de uma obra de arte, é apenas uma bonita e sincera história de amor.

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