Dormir no escuro total é uma façanha para poucos. Imagina então em uma casa nova, no meio do nada? E se você está grávida, com um barrigão, e o marido deita e dois segundos depois já está roncando, putz, pior ainda. Pra puxar mais um pouquinho, você está escutando e vendo coisas que ninguém mais percebe… Ah, claro, filme de terror, na certa. Bingo! A coitadinha da Eveleigh Maddox (Isla Fisher), no filme A Última Premonição, está passando por isso e ninguém acredita nela (se acreditassem, não seria filme de terror hahaha).
A história começa com Eveleigh sofrendo um acidente de trânsito, no qual o bebê que estava no outro carro acabou morrendo. Ela ficou muito abalada e passou meses tomando antidepressivos, até que engravidou. Nesse momento, ela e o marido, David Maddox (Anson Mount), decidiram investir em um sonho de longa data: comprar uma vinícola na região de Napa Valley, nos Estados Unidos, e criar o filho livre, leve e solto. Mas na nova casa ela começa a ouvir e ver coisas muito estranhas. Para aliviar o estresse, o médico (interpretado por Jim Parsons) recomenda que ela se exercite, e nas aulas de yoga ela conhece Sadie (Gillian Jacobs), com quem logo faz amizade. Mas as experiências na casa só pioram, e ela volta a tomar antidepressivos. Mas será que ela está apenas com os hormônios alterados por causa da gravidez ou tem algo errado com a casa? Mistérios…
O filme tem pinta de drama, com esse lance todo de morte traumática, alteração de hormônios, mudanças e tal. Mas logo os sustos aparecem e você muda de ideia, apesar de nada muito assustador acontecer no filme todo. É mais justo chamar o filme de um suspense com vestígios de terror. Ele está mais para o estilo de Jessabelle, ainda mais que a direção e edição dos dois filmes é do mesmo cara, Kevin Greutert. Mas isso não é ruim, não. Se você lembra do filme, ele tem uma história bem crível, com suspense e sustos do começo ao fim. Ou seja, é um filme bem redondinho e que pode agradar a galera muito medrosa (prometo que você não vai morrer de susto, tá? ;))
O lance principal de A Última Premonição, que vai te segurar até o fim, é: a guria está maluca ou não? Como temos apenas seu ponto de vista, fica complicado responder, e isso é bacana. Ficamos tomados pelo sofrimento de Eveleigh, que não quer tomar remédios porque está grávida, mas acaba tomando porque todo mundo acha que ela precisa (pelo bem da criança, pela sanidade do marido e pra não se machucar). E a bendita casa parece ser tão calma, em uma propriedade ensolarada na região de Napa. De repente a mulher está pirando porque todo mundo no filme pode encher a cara de Cabernets e Pinots deliciosos, enquanto ela tem que beber água com comprimido pela duração do filme. Eu também ficaria maluca.
Vale destacar a trilha sonora, de Anton Sanko, que também trabalhou em parceria com o diretor/editor em Jessabelle, além de compor para Possessão, de 2012. A música dá um clima hitchcockiano ao filme, que fica ainda mais evidenciado por causa da paisagem. Me senti em Pássaros, ou Um Corpo que Cai. Acho que ainda mais Vertigo, em que o diretor fica nos manipulando, e levando pra lá e pra cá, e não sabemos o que está acontecendo até o filme acabar.