Além do Tempo

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"Além do Tempo" é suave e ao mesmo tempo arrebatador, como o mar

“Além do Tempo” é suave e ao mesmo tempo arrebatador, como o mar

Essa talvez seja a melhor forma de descrever o filme húngaro do diretor Theu Boermans. Existe uma temática marítima acompanhando toda a história, que mostra um casal arrebatado pelo abalo de perder seu único filho. Depois do acontecido, cada um mergulha em um tipo diferente de dor, e o que parece separá-los para sempre talvez seja exatamente aquilo que vai uni-los ainda mais.

Desde a primeira cena percebemos o nível de realidade do que está por vir. As imagens são deslumbrantes, e algumas cenas ainda foram montadas com um efeito diferente de câmera que confere um efeito nostálgico interessante, sem que muitos minutos tenham se passado. Na verdade, o início se parece muito com um final, pois é a fase mais feliz dos personagens, o que faz os espectadores desconfiarem do que verão a seguir.

A atuação de Sallie Harmsen e Reinout Scholten van Aschat está em completa sintonia com tudo à sua volta, e parece ter havido uma escolha e orientação proposital sobre como eles deveriam demonstrar o pesar de Johanna e Lucas. Para a maioria do público pode ser que falte intensidade, mas o que é importante lembrar sobre esse aspecto é que o drama, a música que acompanha cada cada lágrima, o close que traduz cada fibra de sentimento, nem sempre é necessário para retratar um momento. Até porque, a vida não é assim, então, porque deveria ser em um filme? Retratar a realidade pode significar mostrar menos glamour, mas isso exclui a beleza da trama? Acredito que não, intensifica ainda mais.

Quem decidir se aventurar pelas águas de “Além do Tempo”, vai se deparar com pessoas que já teve a oportunidade de conhecer, situações que felizmente ou não (pois nem tudo é tristeza) já teve a chance de viver, histórias que já contou, compartilhou ou teve como experiência própria. Verá acima de tudo um retrato da vida real.

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