Almas Gêmeas

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"Almas Gêmeas" é denso, intenso, marcante

Almas Gêmeas é um drama dirigido por André Téchiné. Ele é conhecido por abordar vários temas ligados à moral e à evolução da sociedade contemporânea, como a homossexualidade, divórcio, adultério, desagregação familiar, prostituição e delinquência. Neste filme não seria diferente.

O filme começa com o tenente francês David Faber (Benjamin Voisin) sendo trazido de volta à França para se recuperar, após um ataque contra seu comboio militar no Mali. Profundamente queimado e em coma, chamam a meia irmã Jeanne (Noémie Merlant) para pedir autorização para desligar os equipamentos caso demore muito o coma. Jeanne é categórica, diz conhecer muito bem o irmão e que ele certamente irá se recuperar.

Até aí, apenas observamos irmão amigos que se conhecem bem… David além de queimado é diagnosticado com amnésia severa e passa meses em recuperação, sob a cuidadosa vigilância de sua preocupada e devotada irmã, que espera que ele recupere sua memória. Mas estranhamente, ele não parece muito ansioso para se reconciliar com quem era. Pacientemente, a irmã o leva para visitar paisagens de seu passado – como a casa da família, lagos, montanhas e florestas – na esperança de que isso o ajude. Mas o tenente parece não ter pressa alguma de reviver sua história.

A trama começa a me deixar intrigada, algo está sendo encoberto. Existe uma conexão profunda entre os dois, que pouco a pouco vai sendo desnudada e é habilmente colocada revelando tudo que precisamos para entender a trama.

Os protagonistas Noémie e Voisin são conhecidos, respectivamente, por Retrato de uma Jovem em Chamas e Verão de 85. Eles nos entregam uma atuação de primeira. Ela é de uma elegância que nos mantém presos à trama.

André Téchiné queria que Voisin interpretasse o personagem principal de seu filme Anos Dourados, de 2017. Porém, no dia do teste de elenco, o ator sofreu um grave acidente de bicicleta e não conseguiu participar do projeto. Desta vez ele participa e entrega bem o personagem.

O restante do elenco apenas dá suporte para que Faber recupere a memória, com exceção de Marcel (André Marcon) com suas múltiplas personalidades que acaba brincando o tempo todo com a ideia de mudança visual, que traz um questionamento bem interessante. A dualidade é posta à prova, nos traz a verdade daquilo que se quer esconder com leveza e seriedade.

Almas Gêmeas é denso, intenso, marcante. Traz belas paisagens e trabalha bem com os tabus sociais. O ritmo é calmo, mas não chega a ser lento demais. A verdade é que nossa memória é algo que nos traz indagações, muito complexas de se entender, e nos traz questionamentos insanos.

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