Amy

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"Amy", documentário indicado ao Oscar, celebra a vida da cantora cuja voz jamais será esquecida.

O documentário Amy, dirigido por Asif Kapadia (Senna), sobre a trajetória musical e pessoal da talentosa Amy Winehouse é um dos concorrentes do Oscar 2016 na categoria de Melhor Documentário. Com imagens raras e antigas, que parecem ter sido gravadas com um propósito maior, mostra como uma garota nova se tornou uma das maiores vozes de sua geração.
A produção se mostra mais longa do que deveria, já que as imagens de registro de arquivos da cantora são mescladas com tomadas abertas de Londres, ou paisagens de lugares para preencher as falas dos depoimentos gravados apenas em voz, das pessoas que fizeram parte da vida de Amy, como suas melhores amigas, produtores musicais, médicos e parentes.

Talvez para quem não tenha acompanhado o frisson que foi sua vida exposta em todos os tabloides do mundo, o documentário sirva de um resumo do que foi tudo aquilo, e o interessante é que a produção não tenta romantizar seu caráter, nem torná-la uma heroína. Aqui ela é retratada como um ser humano que falhou e não soube dar continuidade àquilo que conquistou, mesmo sendo por acaso. O filme começa com uma menina extremamente talentosa, mas rebelde por ter tantos problemas em casa, após a separação e ausência de seus pais. O senso de liberdade que uma garota de 16 anos pode ter é altamente perigoso. Sem referências e limites, o caráter começa a ser construído através daquilo que se vá ou que se quer. No caso de Amy, esse perigo era a bebida e também a bulimia.

Como ela mesma diz em um dos depoimentos em voz, ela enlouqueceria se ficasse famosa, ela realmente ficaria louca. Dito e feito. Sua relação tóxica de amor incondicional com Blake Fielder, que havia apresentado o crack e a heroí­na para a cantora, junto com o sucesso inesperado de seu segundo disco, foi uma junção para que tudo viesse abaixo. Mas culpar o marido pelos seus erros, seria muita covardia, coisa que a mídia tentou fazer um pouco, na esperança de que a diva fosse mais uma ví­tima como Whitney Houston. Sua adicção só poderia parar por ela mesma, e como ela disse não a rehab, seu final não foi dos mais felizes.

Outro fato importante no documentário é a velha história de Michael Jackson, que tem seu pai até hoje como detentor de tudo que o filho conquistou. Mitchel Winehouse, o pai de Amy, se aproximou dela quando viu que ela tinha chegado aos holofotes do mundo, claro todo mundo queria um pedaço dela, e o pai também queria sua porcentagem.
Em janeiro de 2011, tive a chance de assistir a um de seus últimos shows, no Summer Soul Festival em São Paulo. Ela era o maior nome da noite, carregando um line-up de boas apresentações, mas claro, a multidão queria ver ela, mesmo com os vídeos e notí­cias de shows anteriores em que ela simplesmente virava as costas e saia do palco e sabotava tudo, só porque não se importava mais com as obrigações e contratos. O show foi razoável, com os maiores hits de sua curta carreira, mas em vários momentos chegava ao ponto de sentir pena por uma mulher vulnerável e perturbada que não queria estar lá e falhava em várias músicas, sem vontade de cantar mesmo.

Por fim, Amy celebra a carreira da artista, sem deixar de tocar nos assuntos mais pesados da inocente britânica que sabia que era encrenca. Sua voz jamais será esquecida, assim como seu visual e suas músicas, afinal era só isso que ela queria, cantar e escrever algo fora do comum.

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