Army of The Dead: Invasão em Las Vegas

Onde assistir
Com assinatura inconfundível, Zack Snyder entrega um filme divertido e sangrento

O diretor Zack Snyder iniciou sua carreira nos cinemas com o filme Madrugada dos Mortos, de 2004, que mostrava um pequeno grupo de sobreviventes da infestação zumbi reunidos em um shopping para buscar refúgio, mas que por fim são atacados pelos zumbis. Não muito tempo depois, o aclamado diretor levou às telas obras como 300, Sucker Punch, Watchmen e claro, sua polêmica e controversa visão, sobre os maiores heróis da DC, com O Homem de Aço, Batman v Superman e Liga da Justiça, que foi recentemente lançada na HBO Max. Com um currículo extenso e extremamente relevante para a cultura pop, o diretor retorna a suas raízes com Army of The Dead para a Netflix.

O filme sobre o apocalipse zumbi é, portanto, diferente de seu longa de estreia. Enquanto Madrugada dos Mortos buscava inspiração nos clássicos do horror para contar uma história de sobrevivência fechada, em Army of The Dead, Snyder busca sua redenção após sua conturbada passagem pelos filmes da DC e entrega um filme colorido e dinâmico sobre uma missão específica que envolve dinheiro. A escalada da ação exigiu do diretor sua experiência marcante, mas o roteiro não soube ajudar muito a mão fraca de Snyder como storyteller. Infelizmente o filme que começa num ritmo bom, tem algumas rupturas ao longo da jornada quando tenta ser dramático demais, sendo que os personagens e o clima que o filme transmite não se encaixa nas motivações por trauma que o diretor tanto ama, criando um misto de comédia, gore e drama que não se equilibram. O personagem de Dave Bautista é quem mais sofre com essa decisão estranha. O ator poderia emplacar o melhor estilo Vin Diesel em Velozes e Furiosos, como líder do grupo, mas fica preso numa trama que não atende às suas habilidades como ator.

Mesmo com essa problemática, que não é nenhuma novidade nos filmes do Snyder, a experiência é muito positiva. Seria injusto citar apenas o cineasta como ponto principal do filme, já que Army of The Dead resgata o saudoso ar dos blockbusters de zumbi com a reunião de um elenco extremamente carismático, que mostra diversidade sem contextualizar ou explicar – coisa que o diretor sempre soube fazer muito bem- e todos os personagens tem seu tempo muito bem aproveitado na tela, principalmente Dieter (Matthias Schweighofer) e Marianne (Tig Notaro), que roubam a cena e são os grandes destaques do filme. A trama acompanha Scott Ward, desabrigado e ex-herói de guerra que agora vende hambúrgueres nos arredores de Las Vegas, mas tudo muda quando Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), um magnata dos cassinos, oferece uma proposta tentadora: invadir Vegas, que está cheia de zumbis, para roubar 200 milhões de dólares de um cofre antes que a cidade seja bombardeada em 32 horas pelo governo. Motivado pela esperança de que a recompensa possa ajudar na reconciliação com sua filha, Kate (Ella Purnell), ele assume o desafio e monta uma equipe de especialistas para o grande roubo.

A premissa é divertida e o filme estabelece uma monarquia zumbi, com seu rei, rainha, servos e toda a hierarquia dessa nação. Uma empreitada que há muito tempo não se via nos filmes, desde a franquia Planeta dos Macacos. A assinatura de Zack Snyder nesse sentido de criar culturas e povos é um elemento a parte que salta aos olhos em todos os seus filmes, assim como seu olhar estético apuradíssimo. Desde as aberturas em câmera lenta ao som de algum clássico da música, até cenas de ação muito bem resolvidas, que apresentam uma excelência técnica brilhante, o diretor consegue entregar momentos que fazem valer a pena as horas investidas assistindo ao filme.

Por fim, Zack Snyder está no caminho certo da redenção, sem abrir mão do seu estilo de direção e conquistando cada vez mais o público com sua verdade e paixão nítida por cinema.

Você também pode gostar...