Na semana do Dia Internacional da Mulher, nada melhor que conhecer tão intimamente mulheres de outras culturas, com realidades tão diferentes da nossa. Foi esse tipo de experiência que tive com As 4 Filhas de Olfa, filme dirigido por Kaouther Ben Hania, diretora tunisiana com extensa filmografia.
Mas vale gastar um parágrafo falando mais sobre que filme é este. Primeiramente, ele é um documentário de longa-metragem, que está concorrendo ao Oscar de Melhor Documentário em 2024. Ele já ganhou vários prêmios, com destaque para um César de melhor documentário, além de prêmios em Cannes e o Independent Film Awards de melhor documentário.
Minha experiência vendo este documentário foi no mínimo despretensiosa. Eu queria muito ver o filme para poder ver mais filmes que concorrem ao Oscar que o Felipe, aqui do Quadro por Quadro. Não fazia ideia da temática do filme. Pensei, hum, é sobre uma mãe e suas quatro filhas. Tá bem, vamos lá.
E o filme começa leve. Conhecemos Olfa Hamrouni, uma mulher tunisiana corajosa, forte e determinada. Olha a câmera de frente, nos encara sem medo. Depois conhecemos a atriz (Hend Sabri) que vai interpretá-la, segundo suas palavras, nas cenas mais demandantes emocionalmente. Achei isso interessante, bem diferentes. Mas vou acompanhando.
Em seguida conhecemos as duas filhas mais novas de Olfa, Eya e Tayssir Chikhaoui. Elas são duas jovens alegres, falantes e muito inteligentes. Em seguida, a mãe comenta que as duas mais velhas tinham sido “levadas por lobos”, por isso não estavam ali. Hum, lobos… os animais? Confesso que de cara entendi isso literalmente, apesar de não conseguir entender as circunstâncias.
Depois disso, conhecemos as duas atrizes que vão interpretar as duas irmãs mais velhas que já não estão com a família: Nour Karoui, que vai interpretar Rahma, e Ichraq Matar, que vai interpretar Ghofrane. Depois disso, as seis mulheres, juntamente com a diretora, começam a interagir de uma maneira muito linda, e acompanhamos essas conversas e descobertas bem de pertinho. Momentos engraçados, tristes, mas sobretudo de crescimento dessas mulheres, são abertamente discutidos em frente à câmera, e podemos acompanhar sem barreiras, como se estivéssemos ali na sala, conversando também.
Fiquei tão relaxada ouvindo as histórias, pensando na minha irmã e mãe, nas relações, dificuldades de relacionamento por conta das diferentes gerações e nas escolhas feitas, que abri meu coração para aquelas mulheres. E sem perceber, fiquei vulnerável. E quando o ponto alto do filme chegou, eu levei uma brutal rasteira.
Caso você não saiba do que estou falando, não procure, não veja o trailer. Se entregue ao filme, e deixe essa mãe e suas duas filhas contarem sua história, do começo ao fim. O resultado é tão brutal e assustador que vale a experiência do desconhecido, confia em mim.
E feliz Dia Internacional da Mulher.