As Aventuras de Tom Jones

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Revivendo a diversão: a vitória surpreendente de "As Aventuras de Tom Jones" no Oscar

Quando consideramos os filmes que ganharam o Oscar de Melhor Filme entre 1956 a 1965, fica evidente que a Academia privilegiava dois tipos de produção: espetáculos e musicais. Durante esse período, houve dois casos discrepantes: Se Meu Apartamento Falasse, de 1960, e As Aventuras de Tom Jones, de 1963.

Este último, uma comédia/aventura britânica obscena, não só parece longe de ser um vencedor do Oscar quanto se pode imaginar, mas também parece completamente diferente de um. Filmado na proporção de tela de 1:33, numa época em que os candidatos a prêmios optavam pela tela widescreen e tentavam mascarar o look da coloração Technicolor, As Aventuras de Tom Jones teve sucesso em grande parte por causa de sua inteligência, suas performances e sua energia.

Baseado no romance de Henry Fielding, o filme condensa a história contada em seu material original para encaixá-la em um período de duas horas. O resultado é uma celebração do mau gosto, do humor não muito refinado em meio a momentos memoráveis. Com um estilo cômico que lembra muito das excentricidades de Monty Python, o longa não pede desculpas pelo que é. Sua mistura de pastelão com sátira intelectual é boa o suficiente para arrancar risadas mesmo tantos anos depois. O cenário do século XVIII torna-o acessível e permite que pareça menos datado para o público moderno.

As Aventuras de Tom Jones tem um senso de diversão e experimentação que raramente se encontra em um filme como este. Ele começa com uma homenagem à era do cinema mudo, contém cenas improvisadas (incluindo uma em que Hugh Griffith, bêbado, maltrata seu cavalo, que cai sobre ele), permite que os atores quebrem a “quarta parede” ao se dirigirem a câmera, e dá algumas das melhores falas irônicas a um narrador. Essa imprevisibilidade dá à As Aventuras de Tom Jones uma ousadia que faltava em muitos filmes da época.

Ao longo de uma carreira de 40 anos, o diretor Tony Richardson fez cerca de 24 filmes. Recebeu seu único Oscar por As Aventuras de Tom Jones, que é de longe o mais lembrado dos títulos de sua filmografia (seu último filme, Céu Azul, de 1994, foi lançado postumamente e rendeu um Oscar a Jessica Lange).

A vitória de As Aventuras de Tom Jones no Oscar pode ser surpreendente, especialmente em retrospectiva, mas o filme (ao contrário de muitas de suas comédias contemporâneas) manteve a capacidade de fazer os espectadores rirem das travessuras malucas de seus personagens. Não está datado nem parece antiquado quando assistido hoje. O filme fica consideravelmente aquém do meu critério de obra-prima, mas, ao contrário de vários dos filmes presunçosos que ganharam prêmios durante esse período da história do cinema, ele continua sendo uma brincadeira alegre e divertida.

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