As Duas Irenes

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“As Duas Irenes” propõe discussões interessantes com a estreia de Fábio Meira na direção

As Duas Irenes é mais um filme nacional que vai contra a maré superlotada de comédias de erros com selo Globo Filmes. Tendo passado pelos festivais de Berlim e Guadalajara (levando os prêmios de melhor primeiro filme e melhor fotografia) e Gramado (onde levou quatro outros prêmios), agora o filme irá se provar junto ao público.

No filme, estreia de Fabio Meira na direção de longas metragem, Irene (Priscila Bittencourt) é a filha do meio de uma família tradicional do interior, que um dia descobre que o pai (Marco Ricca) tem uma outra família e uma filha fora do casamento, também chamada Irene (Isabela Torres) e da mesma idade que ela. Revoltada com a descoberta, Irene passa a se aproximar de sua meio-irmã e da mãe dela, sem revelar sua identidade. É o início de uma cumplicidade entre elas, que passa também pela descoberta da sexualidade.

É nessas descobertas que o roteiro de As Duas Irenes tem seu ponto forte. O filme é um drama familiar com um pequeno toque de suspense através do enfrentamento de Irene com a realidade desta outra família.

A ambientação atemporal (embora seja nitidamente um filme no passado) ajuda para a construção do imaginário em torno da realidade de ambas as Irenes no interior de Goiás. Elas, suas famílias, a cidadezinha e até o cinema se tornam personagens para Meira e a bela fotografia de Daniela Cajías.

Não faltam discussões possíveis advindas de As Duas Irenes que mostram todo o conhecimento da linguagem narrativa cinematográfica por parte de Fábio Meira. Uma maturidade que só se vê em poucos cineastas brasileiros, mas que é uma surpresa ver em um estreante.

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