Dirigido por Benoît Jacquot, Até Nunca Mais mostra Laura (Julia Roy), uma jovem artista performática que cativa a atenção de Rey (Mathieu Amalric) em uma de suas obras e os dois iniciando um romance. Pouco depois, já estão casados e Laura vai viver na casa de Rey, uma bela construção rústica isolada à beira mar. Tudo vai bem entre os dois até que Rey decide ir à casa da ex e morre num acidente de moto ao voltar.
Então Laura começa a viver sozinha naquela casa enorme e isolada, tentando superar a perda do grande amor. Se de início ela se impulsiona a fazer tarefas automáticas e mecânicas, como comer, dormir, limpar a casa, logo ela acha motivação na perda para uma nova obra de arte: começa a imitar os gestos, vestir as roupas e até simular a voz de seu amado. Rey aparece como um fantasma para assombrá-la e fazer companhia, servindo de muleta para a superação (ou loucura mesmo) de Laura.
A produção foi muito bem executada, principalmente a trilha sonora, que constrói uma tensão alucinante, delineando uma espécie de presságio com o que virá a acontecer antes do acidente e também depois. Combinada aos barulhos sinistros do motor da moto mais a filmagem em close e de perspectiva de Jacquot, o filme beira um suspense intimista de terror.
Existem algumas diferenças com o livro, mas nada que comprometa o entendimento e a mensagem do original. Mathieu está assustador como o fantasma com aqueles olhos de sapo abertos no escuro. Julia Roy se sai bem nas reações diferenciadas entre seu personagem e aquele no qual se molda. Curioso é o filme ser passado em Portugal e praticamente todos os personagens serem fluentes também em francês. Dê uma chance ao cinema francês sempre com uma temática original e confira esse filme nos cinemas.