Blade Runner 2049

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"Blade Runner 2049" é cheio de verdades fundamentais e conceitos filosóficos

Estamos em 2017! Isso quer dizer que faltam apenas dois anos para a realidade distópica imaginada no Blade Runner de 1982 e estamos longe dela (ainda bem!), mas isso não impede o diretor Dennis Villeneuve (do excelente A Chegada) de fazer um estudo no mesmo universo, só que 30 anos à frente, em Blade Runner 2049.

Trinta anos após os acontecimentos do original, a humanidade está novamente ameaçada, e dessa vez o perigo pode ser ainda maior. Isso porque o novato oficial K (Ryan Gosling, de La La Land), desenterrou um terrível segredo que tem o potencial de mergulhar a sociedade no completo caos. A descoberta acaba levando-o a uma busca misteriosa por Rick Deckard (Harrison Ford, que dispensa apresentações), desaparecido nas três décadas que separam as sequências.

Nos 35 anos que separam o original de sua continuação, o cinema já produziu uma infinidade de distopias e ficções científicas, mas nenhuma com o tom obscuro e o estilo tão específico imaginado por Ridley Scott lá atrás. Até aqui!

Não que estilo seja o principal (e o diretor parece um pouco deslumbrado com o universo que tem a sua disposição nas 2h40 de duração do filme). O roteiro é de uma profundidade que alça o blockbuster ao status cult como raramente visto no cinema hollywoodiano e não sente a necessidade de reinventar o mundo no qual a história se passa.

Os roteiristas Hampton Fancher (que também co-escreveu o original) e Michael Green (desconsidere o crédito dele em Lanterna Verde e pense apenas em Logan e Alien: Covenant) levantam questões evocativas sobre as relações homem/máquina e as nuances que um dia serão usadas para distingui-los.

Assim como o diretor fez com A Chegada, cujo núcleo emocional impactante acabou elevando a simples premissa de invasão alienígena proposta no filme, em Blade Runner 2049 ele subverte o gênero em favor de indagações sobre a natureza da própria alma.

Os detalhes científicos de Blade Runner 2049 permitem que o público interprete as alegorias como achar conveniente. Trunfo das maiores ficções científicas de todos os tempos. Claro que há o paralelo óbvio para as sociedades escravocratas nas quais as raças ou classes dominantes usam sua superioridade duvidosa para aplicar o tratamento severo nos chamados “sub-humanos”, mas vê isso quem quer.

O roteiro contém verdades fundamentais e grandes conceitos filosóficos suficientes para nenhum spoiler estragar. Mas o maior soco no estômago que o longa vai te dar é ao sair do cinema. O choque com a realidade te fará perceber que não estamos tão longe da opressão e do ambiente extremamente degradado que são retratados nele. Pode ser um ponto de vista pessimista, é verdade, mas sempre vale a bordoada.

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