Woody Allen, que aos 80 anos ainda mantém a marca de um filme lançado por ano, viaja aos anos dourados de Hollywood com Café Society. O filme abriu a 69ª edição do Festival de Cannes.
A obra conta a história do jovem Bobby (Jesse Eisenberg, de A Rede Social), que vai para Los Angeles em busca de uma oportunidade de carreira junto com seu tio Phil (Steve Carell, de O Virgem de 40 Anos), figura importante entre os produtores de cinema da época. Mais um personagem alter-ego de Allen, o garoto se apaixona por Vonnie (Kristen Stewart, a Bella, de Crepúsculo), secretária da empresa de Phil, que foi incumbida de apresentar a cidade ao sobrinho.
O romance rende risadas, mas não se furta dos desfechos comerciais do cinema. A trama fala do amor desiludido, dos caminhos da razão e da incompletude presente nas escolhas e nas relações.
O elenco do filme é de estrelas (conta também com Blake Lively, de Gossip Girl), mas estas algumas vezes se perdem em seus papeis um tanto enfadonhos. O filme é plano, mas bem acabado — afinal, estamos falando de Woddy Allen, que mesmo em suas obras mais criticadas, sempre salva qualquer produção com diálogos inconfundíveis, provocações e cenas magistrais.
Mesmo com algumas fragilidades, a narrativa leve prende o espectador e traz alguns momentos memoráveis — daquelas cenas que só Woody Allen poderia escrever.
Café Society provavelmente não será unanimidade, mas não decepciona. A obra transforma nossa experiência de espectador, acostumado aos finais triunfais, e deixa aquele incômodo e inquietude que uma obra artística busca provocar.