Com os Punhos Cerrados

Onde assistir
"Com os Punhos Cerrados" é um drama com ritmo um pouco cansativo que em algumas cenas dá até vontade de sair correndo

Podemos sintetizar Com os Punhos Cerrados em três palavras: inconformismo, arte e protesto, que formam a premissa para a quarta produção dirigida pelos brasileiros Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti, também nos papéis protagonistas, e a primeira da lista a estrear em salas de cinema. No filme (exibido pela primeira vez em 2014, no Festival de Locarno, na Suíça), os responsáveis pelo coletivo Alumbramento desejam despertar questionamentos sociais em busca de soluções, mas sem indicar caminhos ao espectador.

Foi assim que eles desenvolveram a história dos três jovens descontentes com o sistema capitalista que desejam uma revolução e, para isso, invadem a transmissão das rádios de Fortaleza, no Ceará, propagando suas ideologias sobre a sociedade. O objetivo é sensibilizar as pessoas. Todavia, suas mensagens começam a incomodar, fazendo com que o perigo fique cada vez mais iminente. Quando a atriz Samya de Lavor surge (com merecido destaque pela interpretação), somos tocados pela angústia do olhar de sua personagem, que antes espionava os anarquistas a mando de um aristocrata e depois vira integrante da causa. Sua expressão bastante convincente no papel colabora para uma compreensão ainda mais profunda do propósito que cerca o longa-metragem.

Além disso, fica quase impossível não lembrar das históricas manifestações de 2013 e do sentimento de mal-estar que ronda muitos brasileiros até os dias de hoje, tornando a obra uma tradução de tempos ruins, porém realistas, com certa dose de arte entre poemas e canções. Não obstante, a linguagem vulgar em alguns trechos e as imagens explícitas de nudez são tão apelativas quanto descartáveis, uma vez que nada agregam ao contexto.

Se você, atraído pelo título do filme, espera assistir a cenas de luta e ação, já aviso de antemão: não perca o seu tempo! Com os Punhos Cerrados é um drama com ritmo um pouco cansativo que em algumas cenas dá até vontade de sair correndo. A culpa deixo para o excesso de imagens quase estáticas e os poucos diálogos, o que pode dar aflição em quem assiste. Mas, caso este não seja o seu problema, pode valer a pena dar uma conferida!

Você também pode gostar...