Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:
- Dirigido pelo cineasta suíço Maxime Rappaz.
- Foi filmado na parte francófona da Suíça.
- Jeanne Balibar está simplesmente MARAVILHOSA em seu papel como Claudine.]
- Possui cenas de nudez e tem classificação de 16 anos.
- É um drama que se passa no final dos anos 1990.
Qual a hisótia de “Deixe-me”?
Todas as terças-feiras, uma vizinha cuida do filho de Claudine enquanto ela vai a um hotel nos Alpes Suíços para encontrar com homens que estão de passagem. Quando um deles decide prolongar a estadia por ela, Claudine fica confusa e começa a sonhar com uma vida diferente.
A influência da moda na arte de Maxime Rappaz
Rappaz nasceu no ano de 1986 em Genebra, na Suíça. Antes de ingressar no mundo da sétima arte, Rappaz trabalhava com moda. Essa sua experiência no universo fashion é visível em Deixe-me. A personagem principal, Claudine, é uma costureira que possui bom gosto e se veste com bastante elegância. Seu trabalho é deixar as mulheres bonitas, seja com ajustes em roupas prontas ou costurando um vestido de noiva de criação própria.
Não apenas Claudine, mas a forma como Rappaz decidiu retratar o mundo em Deixe-me lembra bastante filmes de moda ou propagandas de perfumes caríssimos. Não é uma crítica, até porque Maxime Rappaz soube usar bem tudo aquilo que estava ao seu redor.
A simbologia de “Deixe-me”
Claudine é uma mulher pra lá dos seus 50 anos, e que tem um filho deficiente. No decorrer da história sabemos que ela foi abandonada pelo marido quando o filho ainda era criança. Claudine é uma mulher forte e que não se abre para as outras pessoas. É uma mulher que guarda as emoções para si.
É inevitável não reconhecer que Claudine é solitária. E isso é retratado simbolicamente pelos planos abertos em que a personagem caminha no meio de praticamente nada. Isso reforça sua solidão e a frieza de sua vida, já que as cores vistas no filme também são cores frias.
Tradicionalmente a cultura ocidental relaciona água a emoções. E durante todo o longa vemos uma represa, que simbolicamente representa a contenção das emoções de Claudine. Essa represa está firme, imóvel, impenetrável. Assim como Claudine.
O momento em que a personagem permite que alguém entre em sua vida intima é retratado na cena em que ela entra na represa. Lá ela vê a imensidão das águas, uma alusão ao seu coração. De fato, é uma das cenas mais bonitas do filme. E sendo retratada como uma represa, Claudine não surpreende o final do filme.
A sensualidade das mulheres mais velhas
Não estamos acostumados a ver no cinema mulheres acima dos 50 anos como pessoas sensuais. Ou até mesmo com uma vida sexual ativa. Em Deixe-me, Claudine é uma mulher bonita, elegante e que seduz outros homens para o seu próprio prazer. E isso é muito interessante, porque foge do estereótipo que temos de pessoas acima dos 50 anos. Tanto Claudine quanto os personagens masculinos, também homens na mesma faixa etária, e talvez mais velhos, são retratados sexualmente ativos e sensuais.
Em um país como o nosso em que o corpo jovem é glorificado na mídia em geral, Deixe-me é um tapa na cara que nos faz acordar. Será uma questão cultural que os suíços tem e que nós não possuímos?
De qualquer forma, Claudine é uma mulher poderosa que luta sozinha contra suas emoções. O sexo é mostrado de forma bonita, e o motivo desses encontros sexuais também é mostrado igualmente bonito.
Vale a pena ver “Deixe-me?
É um filme muito elegante e reflexivo. Deixe-me foge completamente do estereótipo, seja pelos personagens, pelos cenários e pelo roteiro. Claudine é de longe uma das personagens mais profundas e bem construídas que pude conhecer durante esse ano. A cada minuto que passa temos mais vontade de conhecer sobre ela. Torcemos por ela e também nós lamentamos com ela. Só por esse fato eu diria para você assistir esse filme. Mas existem vários outros, como a fotografia ESPETACULAR (arrisco-me em dizer que é uma das melhores coisas do filme, junto com a atuação de Jeanne Balibar).
Balibar estava PERFEITA. Uma verdadeira deusa da sétima arte. Ela consegue brilhar cada vez que entra em cena. É como mágica. Jeanne Balibar tem um domínio de cena impressionante. Deixe-me é um filme para quem aprecia o cinema arte.
