Destino das Sombras

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O "Destino das Sombras" é um terror nacional confuso, com atuações sofríveis e argumentos furados

O Brasil tem produzido, desde os idos da década de 1960, com o incrível Zé do Caixão, excelentes filmes de terror. Eles até podem ser inspirados no que consumimos quando pensamos em Hollywood, mas, no fundinho, têm aquela pegada brasileira que a gente adora! E nos últimos anos, algumas produções nacionais, principalmente os filmes que amo, de Rodrigo Aragão, Anita Rocha da Silveira, Alice Furtado, Juliana Rojas (amo “Sinfonia da Necrópole” – link da resenha: não achei, mas lembro que fiz), e tantos outros.

O terreno é bom para a experimentação, e amo ver coisas diferentes. Mas diferentes bem feitas, né, gente? E tem uma diferença entre bem feito, com roteiro amarradinho, respeitando uma ideia original linda à altura, e bem feito cheio de efeitos perfeitos e super profissionais. Na minha opinião, um roteiro amarradinho é o suficiente para ter um terror de nível excelente. Efeitos, figurinos, maquiagem, edição etc. e tal é bobagem no final do dia, pois às vezes o tosco é muito mais legal 😀

Dito tudo isso, vamos ao filme da semana, “Destino das Sombras”. Onde ele se encaixa em tudo isso? Bom, ele entra pra lista infinita de filmes de terror sem um roteiro à altura da ideia.

O roteirista e diretor de primeira novato Klaus’Berg até teve uma ideia bacana, mas isso foi tudo. Você assiste ao filme e passa a maior parte dele aborrecido porque nada interessante acontece, e depois, quando começa a acontecer, fica perdido porque as coisas não fazem sentido (e não recebemos um mínimo de explicações). E falo mínimo, porque explicar demais também é chato, e faz parecer que o espectador é burro.

Além do roteiro fraco, os personagens dão raiva. Não era para ficarmos do lado deles, torcermos pelo melhor na vida deles? Bom, o diretor constrói esses personagens de um jeito que eu queria mais que eles todos morressem logo. Além disso, os dois homens principais são tão machistas em suas falas e atitudes que eu fico pensando em que século esse filme foi feito, sem um mínimo de bom senso – que é o que se espera hoje de tudo que é produzido, principalmente por homens. Segundo filme esta semana que trata as mulheres de maneira muito clichê, socorro.

E para finalizar, li em algumas entrevistas do diretor que a intenção do filme era discutir ou jogar luz no tema do desaparecimento de crianças. Sério? Olha, aí teria sido melhor tratar a questão em um filme com mais profundidade, um drama investigativo, talvez. Não tentar explicar o desaparecimento de crianças com crendices populares regionais.

Bom, a dica é a mesma de sempre: vai checar o filme sim, pois ter argumentos para criticá-lo ou aprová-lo é sempre o mais indicado. E apoie o cinema nacional, que mesmo não sendo perfeito, está em um caminho muito bom!

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