Divinas Divas é o primeiro longa da atriz Leandra Leal (A Ostra e o Vento e Chatô, o Rei do Brasil) que estreia nos cinemas aproveitando o clima da parada gay de São Paulo, a maior do mundo.
É verdade que temas LGBTQ’s estão nos principais trending topics do momento, gerando conteúdos como memes, vídeos virais e séries famosas como RuPaul’s Drag Race. Também é verdade que vivemos em um momento onde artistas transexuais, travestis e drag queens conseguem alcançar sucesso estrondoso, como Pablo Vittar e Alaska. Contudo, isso contrasta com a vida dos artistas retratados durante o documentário Divinas Divas, que sofreram com a repressão da ditadura militar.
Décadas atrás, esses artistas eram englobados apenas como travestis e gays. Essa gama de nomenclaturas que existem hoje era praticamente desconhecida e ignorada no Brasil do passado. Artistas que revolucionaram na Cinelândia dos anos 70, como Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujika de Holliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios se reencontram para a montagem de um novo espetáculo. E é nesse reencontro que o longa de Leal se constrói.
A diretora se mostra habilidosa em seu primeiro trabalho, conseguindo captar a essência de seus personagens e transmitir ao público a emoção que um filme desse tipo se propõe. O mais incrível em Divinas Divas é que Leandra Leal, além de narradora também é personagem.
O local do reencontro, o Teatro Rival na Cinelândia, foi herdado por Leandra, que hoje o administra. Entre as narrações cheias de memórias do Teatro Rival também encontramos as memórias da própria atriz.
Apesar de ser um documentário, o filme possui poesia e beleza na medida certa. É muito importante esse tipo de obra nesse momento político em que o Brasil se encontra. Divinas Divas funciona como um “Acorda!” e encanta quem assiste. Vale muito a pena!