Ano passado assisti um filme que me deixou profundamente tocada. Pior é que não esperava nada dele, só estava assistindo mesmo porque estava concorrendo ao Oscar de melhor filme estrengeiro pelo Japão. E foi através de Dias Perfeitos que conheci o ator japonês Koji Yakusho, estrela do drama familiar Família, que estreia esta semana.
De cara achei que o filme ia ser mais familiar, no sentido tranquilo da coisa. Mas já vou dar um pequeno spoiler pra você, amigo leitor, e contar que o filme é sobre pessoas tentando criar ou manter famílias, apesar das circunstâncias nada favoráveis.
No meio de três dessas famílias está Seiji, Kamiya (Koji Yakusho), um ceramista que vive sozinho no Japão. Seu filho Manabu (Ryo Yoshizawa) e a nora Nadia (Malyka Ali) estão trabalhando na instalação de uma indústria na Argélia, mas ele quer voltar para trabalhar como artesão com o pai. Quando Manabu e Nadia estão visitando Seiji no Japão, eles conhecem Marcos (Lucas Sagae), um jovem brasilerio que vive com a família no Japão e é atormentado por uma gangue liderada por Kaito Enomoto (Miyavi), que é atormentado por fantasmas do passado e a saudade de sua família. É família que chama, leitor!
Nesse comecinho até que tá tudo feliz e em ordem, mas aí as coisas começam a desmoronar. E Seiji vai ter papel muito importante para manter algumas dessas famílias juntas.
Confesso que adorei assistir um filme japonês e ver os brasileiros em uma roda de samba com a família falando português. E chamando Seiji para dançar. Hilário. Mas triste acompanhar a situação de brasileiros no Japão, que um dia foi considerada a terra das oportunidades para nikkeis, mas acabou como um pesadelo. E apesar de não ter muita profundidade no trabalho de apresentar esses personagens, dá pra ter uma ideia da situação.
E do outro lado, temos Manabu, que foi trabalhar na Argélia e conheceu a esposa, Nadia, uma órfã refugiada, e ficou apaixonado pela capacidade da mulher de manter uma disposição positiva frente às adversidades. Para que haja interação entre Nada e Seiji, quando o casal visita o Japão, Manabu traduz o que a esposa fala em inglês para o pai, e vice-versa.
Um filme bonito, emocionante, triste, mas também um tanto superficial e rápido. Muita gente junta no mesmo enredo e a chance de isso acontecer é grande, caro leitor. Assim, só temos glimpses das motivações e pelo que essas pessoas estão passando, pois nem em duas horas de filme, que é a duração deste longa, é possível fazer isso com maestria.
Mas mesmo assim o filme é bom, e deixo aqui minha recomendação.