Seth Rogen e Evan Goldberg se unem em Festa da Salsicha e, apesar de ser uma animação, as crianças devem passar longe do longa em que alimentos falam e fazem muito mais do que os olhinhos infantis podem ver.
O ponto de partida da animação não é nada mau. Trata-se de uma grande sátira aos filmes da Pixar, mas ao invés de robôs sensíveis, ratos cozinheiros ou brinquedos que possuem fortes sentimentos pelos seus donos, os heróis autoconscientes da aventura são alimentos “presos” em um supermercado.
Dentro do supermercado em questão, os alimentos pensam que as pessoas são deuses. Eles sonham em serem escolhidos por elas e serem levados para suas casas, onde pensam que viverão felizes, como no paraíso. Mas eles nem suspeitam que serão cortados, ralados, cozidos e devorados! Quando Frank, uma salsicha (que no Brasil é dublada pelo ótimo Guilherme Briggs), descobre a terrível verdade, ele precisa convencer os outros alimentos do supermercado lutar contra os humanos.
É uma torção inteligente em relação ao mundo de fantasia da Pixar, onde criamos empatia com objetos que, na vida real, são inanimados ou organismos menos evoluídos, mas que normalmente não vamos a fundo na realidade de suas circunstâncias. Em Festa da Salsicha, não é bonito ver uma salsicha falante com olhos, pés e mãos que lembram os desenhos do Mickey. Mas tampouco é bonito vê-la ser cozida viva na frente de seus amigos e familiares, para depois ser trucidada pelo humano que a comprou no supermercado.
O filme é uma comédia juvenil provocativa sobre o universo do consumo e não se envergonha de fazer trocadilhos bobos com isso o tempo todo. Ele faz piada atrás de piada, sempre com um roteiro de humor negro muito bem adaptado e dublado no Brasil pelo pessoal do Porta dos Fundos. Mas dependendo do espectador, ele pode ficar chocado com a ofensividade alegre que beira o vulgar em diversos momentos.
É uma boa piada ou se você preferir, uma orgia gastronômica, no bom e no mau sentidos da palavra.