Garfield: Fora de Casa tenta trazer o icônico gato laranja para uma nova geração, mas acaba diluindo sua essência ao exagerar na ação e esquecer as características que fizeram dele um símbolo de sarcasmo e preguiça adorável. A animação, que tem Chris Pratt como dublador principal, transforma Garfield em um protagonista cheio de energia, com atitudes que contrastam com sua famosa indiferença e amor inabalável por lasanha e ócio.
A narrativa, concebida como uma história de origem, apresenta Vic, o pai de Garfield, dublado por Samuel L. Jackson. Embora a introdução desse personagem traga um frescor inicial, o enredo logo descamba para situações genéricas. O roubo de leite orquestrado por vilões caricatos é previsível e se assemelha mais a algo saído de Pets: A Vida Secreta dos Bichos do que ao mundo de Garfield. A tentativa de modernizar o personagem com drones, aplicativos de entrega e referências pop soa artificial, transformando o filme em um desfile de produtos licenciáveis e piadas de fácil consumo.
A dublagem de Pratt é outro ponto que divide opiniões. O tom que ele empresta ao personagem falha em capturar o sarcasmo que Bill Murray transmitiu com mais precisão nas versões “live-action” dos anos 2000. Enquanto isso, Nicholas Hoult como Jon Arbuckle, o dono de Garfield, sofre com a falta de desenvolvimento do personagem, que aqui perde boa parte de seu humor patético e peculiar.
Por outro lado, o cãozinho Odie mantém parte de sua essência original, com Harvey Guillén trazendo um charme discreto ao papel. No entanto, o personagem é subutilizado, funcionando mais como apoio cômico do que como o contraponto que complementava Garfield tão bem nas histórias clássicas. A relação entre Garfield e Vic, que poderia ter sido explorada de forma mais emocional, é reduzida a interações rasas e missões forçadas.
Visualmente, o filme é agradável, com uma animação bem feita que captura a aparência clássica de Garfield e adiciona um brilho moderno. No entanto, essa qualidade estética não compensa a falta de um roteiro que entenda a essência do personagem. O humor físico e as sequências de ação, embora divertidas em partes, não conseguem preencher o vazio deixado pela ausência do sarcasmo afiado e da personalidade preguiçosa que fizeram de Garfield um ícone cultural.
Garfield: Fora de Casa é um filme que busca agradar a um público mais jovem, mas que se distancia demais do material original para conquistar os fãs de longa data. Apesar de seus momentos agradáveis, o longa falha em capturar o espírito do personagem, deixando a sensação de que Garfield merece uma adaptação mais fiel ao que sempre foi: um gato preguiçoso, cínico e irresistivelmente carismático.