Halston

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Ewan McGregor brilha como Halston na minissérie biográfica de Ryan Murphy

Halston. Esse é um nome que qualquer um que tenha interesse mínimo em moda vai reconhecer. E esse é um nome que será ouvido com uma pronúncia muito prazerosa durante os cinco episódios da série estrelada por Ewan McGregor (Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa).

Halston, nova produção de Ryan Murphy (Hollywood) para a Netflix, é um estudo sobre o nome e a marca de um dos designers mais importantes da moda no século XX, além de mostrar a relação dele com suas musas Liza Minelli (interpretada por Krysta Rodriguez, de Quantico) e Elsa Peretti (Rebecca Dayan, de Demônio de Neon).

Tudo começa com um chapéu para Jacqueline Kennedy, usado no dia da posse do seu marido, onde todos sabiam que se tratava de um Halston. Logo o designer se torna uma marca dentro da loja de departamentos J.C. Penney – uma jogada lucrativa, mas que também acaba diluindo o prestígio de sua marca.

Como Halston, McGregor empunha seu cigarro e enfrenta uma sala de reuniões cheia de homens vestidos de ternos, e não hesita em mandar todos eles se foderem, declarando que nenhum deles jamais terá o seu talento e seu nome. Mas seu nome, na verdade, não era mais dele. Halston funciona como uma versão estendida de um filme biográfico, que ainda continua a ser o veículo predileto de Hollywood para falar sobre drogas.

Halston começa como um menino chamado Roy em Indiana. Rapidamente ele é trazido para Nova York, conhecemos suas ambições e os homens que ele dormia, mas sem deixar de lado a visão incrível do seu trabalho como designer, o que torna sua vida um sonho surreal de grandes nomes, cenários luxuosos e muitas orquídeas.

Mas como toda biografia cinematográfica que se preze há uma queda, por meio de drogas, solidão e traumas não resolvidos. Tudo o que antes parecia sólido torna-se insubstancial, como os delicados rolos de seda com que Halston vestia suas modelos.

Ryan Murphy tem a estética mais adequada para homenagear este artista – suas séries e empreitadas cinematográficas sempre acabam dando ênfase na aparência. Para a história de Halston, isso faz o maior sentido. O design de produção é impecável e só não rouba a cena porque McGregor é uma força da natureza como Halston.

McGregor é o que faz a coisa toda funcionar, do início ao fim. O ator nunca desiste de um desafio, e o diretor Daniel Minahan (Game of Thrones) parece nunca limitar sua atuação afetada (e necessária) como Halston. O personagem é arrogante, seco e espirituoso, soando falso em alguns momentos estratégicos e dolorosamente genuíno em outros.

É difícil levar a sério alguém que consome o suprimento de cocaína para duas semanas em apenas um dia. Mas mesmo no auge de seus acessos de raiva, o Halston de McGregor não deixa de ser um visionário. É um clichê, mas os chamados grandes gênios parecem ser torturados pela monotonia da vida cotidiana e acabam sendo ríspidos com “gente como a gente” – e ainda assim, através da performance, da produção suntuosa e de uma edição maravilhosa, não conseguimos deixar de ter empatia por Halston.

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