Jolt: Fúria Fatal

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Amazon traz Kate Beckinsale de volta à ação com filme bem humorado e vibrante

Ultimamente Hollywood tem sido bombardeada de adaptações de filmes de quadrinhos e livros que segmentam um gênero de super-herói e por esse mesmo motivo se limitam a uma estrutura que a gente já sabe onde vai dar. Mas são poucos os roteiros originais que conseguem trazer um frescor para jornadas de herói que não necessariamente se encaixem em uma linha só, mas que se divertem com as possibilidades de não se levar tão a sério e realmente contar uma história que seja de qualidade. Esse é o caso de Jolt – Fúria Fatal.

Lindy, interpretada por Kate Beckinsale, tem uma história de origem narrada logo no início que é digna de uma super-heroína, mas ainda bem que essa introdução vai contra tudo o que a gente espera. Com uma condição rara, ela vive uma vida ligada a eletrodos que controlam sua raiva. Com impulsos homicidas e extremamente violentos, Lindy é uma bomba relógio que dispara ao ser exposta por situações de injustiça e também irritantes. O único antídoto que seu psiquiatra, vivido por Stanley Tucci, enxerga é ela se entregar ao amor. Nada além de criar laços de afeto poderia fazer sarar a protagonista. É então que ela conhece Justin (Jai Courtney), um contador que desperta esses sentimentos nela e assim uma luz no fim do túnel, mas toda essa esperança chega ao fim quando ele é assassinado.

As comparações com filmes anteriores são inevitáveis, Atômica é um título que logo vem à mente, assim como Lucy e John Wick. Mas seria injusto dizer que o filme segue os passos dos seus antecessores, porque a quest de Lindy é mais simplista, ainda que tenha ação e o início de uma mitologia, o filme também transita entre a comédia romântica de um jeito que as coisas funcionam. Muito disso tem a ver com a direção de Tanya Wexler, que constrói personalidades muito boas para seus personagens, mesmo com pouco tempo de tela e entrega um visual de cores que quase chega num clima clubber gótico dos anos 90. Mas nada disso teria a mesma relevância sem o elenco, que conta com a beleza estonteante de Beckinsale na tela e seu histórico em ação pelos filmes Anjos da Noite, mas também pelos grandes destaques que vão para os detetives Vicars (Bobby Cannavale) e Nevin (Laverne Cox), que investigam o assassinato e perseguem Lindy. Eles desenvolvem uma dinâmica hilária e se tornam a alma do filme.

Sem muito tempo a perder, o roteiro não procura entregar todos os detalhes da infância de Lindy, ainda que reserve alguns momentos de drama. Mas quem sofre nessa pressa é o vilão, que pouco consegue contribuir com suas duas cenas. Infelizmente muito disso tem a ver com o vício dos estúdios em terminar os filmes com um gancho para uma possível sequência e esquecer o que se passou na derrota do chefão desse level, o que pode ser frustrante caso um novo filme não aconteça.

Mas mesmo com esse tipo de vacilo, a experiência é totalmente positiva porque o roteiro entende e aceita sua galhofa. Todo mundo em cena sabe que o melhor caminho para o filme dar certo é a despretensão. E nesse desprendimento com tais amarras burocráticas de outros filmes que tentam se passar de inteligentes, Jolt busca um flow único de originalidade que é a razão do longa ser tão atrativo e empolgante.

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