A juventude já foi filmada de todas as formas. Ainda assim, alguns filmes conseguem exibila com novos olhos, não pela novidade, mas pela naturalidade que carregam. É o caso do filme Jovens Amantes, dirigido por Valeria Bruni Tedeschi.

Ambientado no fim dos anos 1980 mas ainda com energia de sobra, o longa é em sua essência um grande palco em que a vida e a arte se confundem. Stella (Nadia Tereszkiewicz), Victor (Vassili Schneider), Adèle (Clara Bretheau) and Etienne (Sofiane Bennacer), são quatro amigos atores recém-admitidos em uma prestigiada escola de teatro. Eles têm vinte anos, o mundo à frente e um entusiasmo que transborda cena após cena. Mas o que poderia facilmente escorregar para o lugar comum — o clássico “retrato da juventude” — ganha corpo e sensibilidade ao focar nas fissuras do cotidiano: as paixões que surgem nos bastidores, os medos escondidos atrás do talento, os traumas que atravessam os corpos mesmo sob os holofotes.
Jovens Amantes não esconde sua intenção: o local de atuação está ali, literalmente, mas o que interessa é o que acontece fora dele. As performances são sinceras, e a câmera acompanha os personagens com familiaridade, como se já os conhecesse há tempos. A trilha, os figurinos e a atmosfera nostálgica dessa década que deixou tanta saudade e nostalgia, ajudam a criar um clima que é ao mesmo tempo leve e intenso — como são, afinal, os vinte e poucos anos quando vividos com entrega.

Não há grandes reviravoltas ou cenas inéditas. O filme não promete inovação, e talvez nem queira. Ele prefere observar, sem pressa, o que acontece quando jovens artistas se jogam com tudo numa vida que ainda está se desenhando. E é justamente essa entrega, esse desejo de viver tudo como se fosse a última chance, que torna Jovens Amantes tão envolvente. Quem já viveu algo parecido, reconhece. Quem ainda vai viver, antecipa.




