Loucos por Cinema! de Arnaud Desplechin é uma obra mais antropológica do que artística. Dá luz a história de Paul, seu alter ego, desde a infância a maturidade. Podemos dizer que a história é co-protagonizada por Paul e pelo próprio espírito da sétima arte.
Dividido em 11 atos, é uma carta de amor documental sobre a experiência francesa com o cinema. O roteiro se dedica a apresentá-lo como um imperativo do ser humano. Defende as invenções e avanços tecnológicos como uma necessidade de registrar o tempo em movimento, de forma que outras disciplinas artísticas não supriram. Afirma que, se a fotografia é mostrar a verdade, o cinema nada mais é que 24 verdades por segundo.
A edição mescla cenas da vida de Paul a depoimentos sobre hábitos de consumo, comportamentos ao cinema e pontos pivotais da paixão do cineasta. Essa grande pilha de acontecimentos e opiniões, colocam o filme em cima de um muro. Entre uma biografia e um documentário, que nunca se compromete, de fato, com nenhum dos gêneros.
O roteiro ambicioso passa por uma riqueza de detalhes que se perde em divagações em certos momentos. Mas que dá vazão a pontos técnicos como, imagem e som, até histórias dos heróis de Paul, como, Misty Upham e Claude Lanzmann.
O cinema é apresentado como forma de se reapropriar do mundo, como possibilidade de viver outras vidas. Além do possível que permite ao espectador, ver o mundo como espetáculo. Também mostra-o como um lugar de empatia para marginalizados, palco das mais trágicas historias de amor e exercício democrático moderno. Uma masterclass da cultura francesa de cinema e provocativo a todos que trabalham ou se interessam por ela.
