Marujos do Amor

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Cores e descompassos em "Marujos do Amor"

Marujos do Amor, dirigido por George Sidney, é uma comédia musical repleta de charme e patriotismo, mas que se apoia mais no carisma de seu elenco principal do que em uma narrativa consistente. A trama, ambientada em uma glamourosa Los Angeles, segue os marinheiros Joe (Gene Kelly) e Clarence (Frank Sinatra) em uma licença que rapidamente se transforma em uma série de encontros musicais, equívocos e tentativas de romance.

Gene Kelly brilha como Joe, o marinheiro confiante e mulherengo, enquanto Frank Sinatra traz doçura e ingenuidade ao tímido Clarence. Juntos, formam uma dupla carismática que, apesar da dinâmica previsível, consegue sustentar boa parte do apelo do filme. Kelly é eletrizante em seus números de dança, especialmente na inovadora cena com Jerry, o rato de Tom e Jerry, enquanto Sinatra encanta com baladas sentimentais.

Ainda assim, a trama de Marujos do Amor sofre com sua falta de profundidade. O roteiro, escrito por Isobel Lennart, é funcional, mas não vai muito além de conectar números musicais e situações cômicas. A interação entre os protagonistas e Susan (Kathryn Grayson), uma aspirante a cantora, tenta injetar um conflito romântico, mas carece de substância, reduzindo-a a um simples objeto de disputa amorosa.

Apesar dessas limitações, a música é um ponto forte. Com canções compostas por Jule Styne e Sammy Cahn, o filme entrega momentos memoráveis que compensam a fraqueza narrativa. Kathryn Grayson, em sua performance vocal, adiciona brilho aos números musicais, enquanto José Iturbi, em uma participação especial, eleva o nível técnico das sequências ao piano.

Embora o filme seja esteticamente agradável e sua leveza torne-o uma experiência confortável, falta-lhe a inovação que poderia diferenciá-lo de outros musicais da época. O patriotismo, presente tanto na trama quanto na estética, reforça o contexto histórico, mas hoje soa como uma moldura ultrapassada, que envelheceu sem muito frescor.

No geral, Marujos do Amor é um musical simpático e escapista, mas que fica aquém de obras mais robustas do gênero. Ele é lembrado menos por sua história e mais por momentos icônicos, como a dança de Gene Kelly com Jerry. Uma experiência charmosa, porém transitória, que serve mais como um aquecimento para o sucesso de Um Dia em Nova York, lançado poucos anos depois.

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