Megalópolis, a mais recente obra do mestre Francis Ford Coppola, é um filme que certamente não passa despercebido. Com uma produção épica e uma ambição cinematográfica ímpar, o longa busca explorar temas como poder, utopia e a natureza da cidade.
Inspirado pela tentativa frustrada de golpe de um senador romano décadas antes de Cristo, Coppola conta a história da decadência de uma versão dos Estados Unidos disfarçada como Nova Roma.
Tudo se passa num espaço urbano denominado de Megalópolis, que usa Nova York como a Nova Roma. Mas a grande surpresa realmente é ficar sabendo que Megalópolis tem inspiração na nossa cidade de Curitiba. Coppola já compartilhou que o personagem de Adam Driver e o projeto que ele defende na história foram inspirados, respectivamente, em Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, e na capital.
No futuro próximo do roteiro, uma espécie de arquiteto governamental (Adam Driver) enfrenta políticos, banqueiros e seus próprios sentimentos para criar uma metrópole utópica. A trama gira em torno de um arquiteto visionário que busca reconstruir a cidade após um desastre catastrófico. O filme explora temas como a natureza humana, a ambição, a corrupção e o poder da imaginação. Adam Driver interpreta Cesar, um arquiteto de ideias revolucionárias que quer construir a Megalópolis do título, uma cidade aperfeiçoada que viraria de cabeça para baixo a organização social contemporânea.
A produção acompanha um conflito na cidade fictícia Nova Roma em que as pessoas precisam escolher entre o lado visionário utópico de Cesar Catilina com o projeto de uma nova versão de cidade, e o pragmatismo realista de Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito).
Coppola apresenta uma visão singular de uma cidade utópica, com uma estética visual impressionante e uma trilha sonora marcante. Megalópolis levanta questões importantes sobre poder, desigualdade e a natureza da civilização, com profundas reflexões sobre a sociedade.
Para a realização de seu sonho de longa data, o cineasta responsável ainda por clássicos como Apocalypse Now e Drácula de Bram Stoker, financiou do próprio bolso o orçamento estimado em cerca de US$ 140 milhões.
O enredo do filme é excessivamente ambicioso e difícil de acompanhar, sendo um tanto complexa e confusa. Os diálogos são frequentemente longos e expositivos, prejudicando o ritmo da narrativa. A duração do filme é longa, o que pode tornar a experiência cansativa. Sem dúvidas, é uma obra megalomaníaca, autoindulgente, exageradamente teatral e incrível, pelo menos como experiência sensorial e artística.
Megalópolis é um filme que exige do espectador uma certa abertura e disposição para se envolver com uma narrativa complexa e repleta de simbolismos. Se você é fã de Coppola e aprecia filmes com grandes ambições visuais, experimentais e temáticas, pode encontrar em Megalópolis uma experiência cinematográfica única. No entanto, se você busca um filme com uma narrativa mais linear e convencional, pode se sentir frustrado.
Em resumo, Megalópolis é um filme que desafia as convenções e busca provocar o espectador. É uma obra que certamente gerará muitos debates.