Há filmes que realmente empolgam e nos fazem refletir sobre nossas vidas. Esse não é um deles rs nem a presença de Jessica Chastain, sempre excelente, como a tal Miss Julie, foi o suficiente para salvar o filme.
Miss Julie é baseado em uma peça do sueco August Strindberg – impressão minha ou vários filmes realizados atualmente são baseados em alguma obra? –, dirigido pela norueguesa Liv Ullmann, uma das musas de Ingmar Bergman. Embora a peça originalmente se passe na Suécia, o filme assume a Irlanda como cenário.
A senhorita Julie, filha do conde que é dono da propriedade, é uma moça solitária, deprimida, reclusa e com um ar de soberba e agressividade. É noite de solstício de verão, quando os de classe inferior se reúnem aos de maior estirpe para festejar. A moça então se torna alvo de discussão entre os empregados: John, o servo com quem Julie flerta abertamente – interpretado por Colin Farrell –, e Kathleen, sua noiva – interpretada por Samantha Morton.
A ação se passa nesta noite em especial, quase que inteiramente dentro da casa, uma mansão, mas que parece significar um mausoléu aos olhos de Julie. A sensação é de isolamento e claustrofobia, considerando que só os três estão presentes em tal espaço.
A primeira parte do filme é romântica, cativante, John se apresenta como um eterno romântico e demonstra ser apaixonado por Julie. O discurso é sedutor e o espectador cai feito um patinho, assim como ela, que até então agia mais agressivamente, mas revela-se frágil, insegura, confusa.
Tudo muito lindo, até o desastre total acontecer. Reviravoltas em humor e resoluções são constantes no restante dos 120 minutos. Insultos trocados, interesses escusos revelados. Chastain está sensacional, mas o discurso machista, o jogo de poder entre os dois e a vulnerabilidade da mulher naquela época provocam uma certa ojeriza, impaciência.
Miss Julie
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