Moonlight: Sob a Luz do Luar

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"Moonlight: Sob a Luz do Luar" acompanha o crescimento de um personagem em três estágios da sua vida

Se você quer saber o que é ser negro nos EUA hoje, talvez Moonlight: Sob a Luz do Luar possa elucidar parte da sua curiosidade sobre o tema. O filme é um estudo de personagem que te faz concluir que a identidade afro-americana nos EUA é muito mais complexa do que os estereótipos frágeis tão frequentemente utilizados em outros filmes.

Moonlight é uma história atemporal e humana sobre autodescobrimento através da vida de um jovem afro-americano, da infância à fase adulta, enquanto luta para encontrar o seu lugar no mundo, mesmo crescendo em uma vizinhança difícil nos arredores de Miami.

Barry Jenkins faz um filme sobre assumir o controle da própria identidade, tão comprometido com a captura da experiência de “ser” negro, o que resulta em uma obra de arte socialmente consciente tão essencial nos dias de hoje quanto perspicaz.

Contado em três capítulos, a história se passa ao longo de 16 anos e lembra, em parte, Boyhood – Da Infância à Juventude, por acompanhar a evolução de um jovem ao longo do tempo, embora Jenkins escale três atores diferentes para retratar Chiron.

O filme começa com Chiron aos 10 anos, pula para sua época no ensino médio e salta mais para frente verificando o homem que ele se tornou, com um exterior resistente, mas ainda sensível em seu interior. Anos atrás Moonlight teria sido categorizado como um filme LGBT, sobre autodescoberta. Hoje, nenhuma categoria relacionada à isso se aplica, e o filme deve se conectar com uma plateia mais ampla e consciente.

Mesmo antes de Chiron ter idade suficiente para entender a noção de homossexualidade, seus colegas de classe o rotulam como tal – os outros garotos o atormentam abertamente. A maioria dos gays que assistam ao filme se identificará com Chiron por se tratar de uma realidade a qual se vive em escolas e vizinhanças.

Moonlight desafia estereótipos a cada passagem. Há um traficante chamado Juan, que precisa confrontar sua própria ética quando percebe que a mãe de Chiron (Naomie Harris, a Moneypenny da franquia 007), ao qual ele se afeiçoou logo no início, é uma de suas clientes. Sim, as drogas destroem, mas também funcionam como fuga ou mesmo empoderamento, no universo mostrado por Jenkins.

Ainda assim a evolução de Chiron não está completa, e mesmo que o terceiro capítulo pareça prenunciar uma tragédia iminente, com o personagem lidando com questões relacionadas à sua masculinidade, ele também fornece para nós, espectadores, uma mostra do que suas escolhas podem fazer para que o controle do nosso próprio futuro esteja em nossas próprias mãos.

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