Portugal, Bélgica, França e Países Baixos são os países que compartilham a coprodução de Nayola: Em Busca de Minha Ancestralidade, uma animação que finalmente estreia em terras brasileiras e, ao que tudo indica, vai cativar e muito o público.
Um conflito que dura mais de vinte anos como a Guerra Civil Angolana tem a infeliz capacidade de influenciar a vida de mais de uma geração da mesma família, e é aqui que a história do longa começa. Vemos três mulheres, a avó Lelena, sua filha Nayola e a neta Yara compartilham além do sangue uma intensa necessidade de não se calar em meio as injustiças que testemunham. Enquanto Nayola sai em busca do marido desaparecido da Guerra, Lelena se encarrega da neta, que está sempre bucsando formas de fazer a mensagem de sua arte, o rap, chegar mais longe.
O filme conta com um visual muito atraente desde as cenas iniciais. É bonito, colorido, consegue ser delicado pelas cores, texturas e técnica que imita pintura, lembrando muito alguns quadros de Tarsila do Amaral, e ao mesmo tempo retratar a força, agressividade e violência da história.
As três mulheres são únicas em suas características ao mesmo tempo em que representam a nação angolana em momentos diferentes. Uma mais anciã, que viu a guerra nascer e foge dela desde então, uma que não conhece uma vida sem conflito e o abraça quando precisa sair em busca do seu objetivo, e outra que deseja mobilizar o maior número de pessoas em prol do fim.
A trama é repleta de símbolos que ajudam a conduzir e ilustrar a história, trazendo tanto os sentimentos dos personagens quando o do contexto do enredo à tona. Em alguns momentos é a passagem do tempo que está sendo retratada, em outros a tentativa de esquecer alguma lembrança dolorosa, em outros ainda é a instabilidade de momentos que alternam entre alegria e profunda tristeza. Em todos eles, existe uma conexão intensa com a natureza e o espaço ao redor.
Essa combinação de narrativa poderosa e estética marcante fazem de Nayola: Em Busca de Minha Ancestralidade uma obra que não apenas conta uma história, mas também provoca reflexões profundas sobre herança, resistência e o impacto do passado no presente.