O Abraço da Sepente, indicado ao Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro, co-produção totalmente latino-americana merece muitos aplausos.
O terceiro filme do diretor colombiano Ciro Guerra (Los Viajes del Viento), prêmio Fênix de Melhor Diretor, foi destaque no 68º Festival de Cannes onde recebeu o prêmio na Quinzena dos Realizadores e também ganhador do premio Alfred P. Sloan de Ciência no Festival de Sundance 2016.
Mais do que o tema científico da pesquisa por plantas sagradas, esta produção mostra sobretudo o contato profundo entre diferentes culturas. Acompanhamos um grupo xamã da Amazônia, Karamakate e dois pesquisadores de diferentes épocas: o importante estudioso, o alemão Carl Von Martius, notório por seus relatos de viagens e estudos indígenas, e após 40 anos, o conhecido etnobotânico norte americano Richard Evans Schultes, que busca pela planta para estudar suas propriedades farmacêuticas. A história é inspirada nos relatos de ambos os pesquisadores.
O filme é rodado em meio as adversidades da selva, na Amazônia, fronteira entre Brasil e Colômbia, onde intempéries, animais selvagens, doenças tropicais são frequentes e onde as relações humanas e os rituais indígenas são selvagens e profundos… A busca por Yacruna, uma planta sagrada, rituais mágicos e a relação entre os nativos e pesquisadores botânicos estão presentes em cenas P&B, e por momentos de um colorido frenético, retratando a natureza em todo o seu sentido.
Para os apreciadores deste gênero, o alemão Aguirre, de A Cólera dos Deuses, também rodado na Amazônia, e Dersu Uzala (Akira Kurosawa, de 1975), são clássicos obrigatórios. Ambos retratam as relações humanas frente as adversidades da natureza.
O Abraço da Serpente surpreende, prende a atenção do início ao fim, pela qualidade das imagens, pela poesia, pelo colorido… O filme é um retrato de uma jornada na selva, uma obra imperdível e aconselhada a todos os amantes do bom cinema.