O Assassino

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"O Assassino": David Fincher e Michael Fassbender fazem um neo-noir impiedoso

O Assassino, a mais recente obra neo-noir de David Fincher, desenha um retrato arrepiante de um assassino profissional interpretado por Michael Fassbender. Baseado na série de HQs francesa de Alexis Nolent, o filme mergulha nas intricadas teias do submundo assassino, onde cada movimento é calculado, e cada erro tem consequências mortais.

Na vertiginosa sequência de abertura, somos apresentados ao assassino sem nome, interpretado por Fassbender, enquanto ele prepara meticulosamente seu próximo golpe. O alvo é um poderoso magnata corporativo em Paris, e a câmera de Fincher nos coloca na pele do assassino, torcendo para o sucesso do ataque. A precisão cirúrgica da cena estabelece a base para um filme que é uma verdadeira ode à execução impecável (como sempre no cinema de Fincher).

Fincher constrói o filme em torno da filosofia fria e metódica do assassino, interpretado de maneira magistral por Fassbender. O personagem narra seus pensamentos enquanto aguarda o momento crucial, oferecendo insights sobre sua abordagem impiedosa e desprovida de emoções. A cinematografia, em tons azuis e esverdeados, contribui para a atmosfera gelada, enquanto cada sequência é uma coreografia letal de ação e suspense.

No entanto, a trama toma um rumo imprevisto quando um erro catastrófico coloca o assassino no centro de uma caçada internacional por sua própria vida. A partir desse ponto, O Assassino se torna uma jornada intensa de autodescoberta e vingança, desvendando camadas do passado do protagonista e revelando as complexidades de suas relações pessoais.

Fassbender, com sua atuação morosamente anônima, personifica o assassino com uma mistura de raiva silenciosa e medo. O filme destaca sua tentativa de transformar-se em uma máquina de assassinato, reprimindo qualquer vestígio de emoção. Contudo, é essa própria luta interna que confere ao personagem uma dimensão existencial, adicionando uma camada mais profunda ao thriller de ação.

A atriz teuto-brasileira Sophie Charlotte (Meu Nome é Gal), junta-se ao elenco, adicionando uma nuance interessante à trama. Embora sua participação seja bastante restrita, sua personagem desempenha um papel crucial na história do protagonista. Assim como outros coadjuvantes, a importância dos personagens secundários em O Assassino se manifesta mais nas reações e desdobramentos dos eventos do que na quantidade de tempo de tela que recebem. Fincher opta por uma abordagem mais focada no desenvolvimento do personagem principal, proporcionando uma experiência cinematográfica intensamente centrada na jornada do protagonista interpretado por Fassbender.

O Assassino é mais uma obra-prima de Fincher, uma ode visual à frieza e complexidade da mente assassina. Fassbender personifica brilhantemente o protagonista, enquanto Fincher tece sua narrativa com maestria, apesar de alguns desvios menos impactantes. Para os amantes do neo-noir e da maestria cinematográfica, O Assassino permanece como uma experiência intrigante e visceral.

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