O Cara da Piscina, estreia de Chris Pine na direção, tenta capturar a essência de um noir excêntrico e absurdo ambientado em Los Angeles, mas acaba se perdendo em suas próprias ambições. Pine estrela como Darren Barrenman, um zelador de piscina que se envolve em uma trama conspiratória cheia de personagens peculiares. Infelizmente, o filme não consegue equilibrar seu humor absurdo com uma narrativa coerente, deixando um gosto amargo de potencial desperdiçado.
O personagem principal, com seus cabelos desgrenhados e trajes desleixados, parece uma tentativa de recriar o carisma de figuras como o Dude de O Grande Lebowski. Contudo, enquanto o Dude era um ícone carismático com diálogos afiados, Darren é uma caricatura frustrante, envolta em um roteiro recheado de piadas que não funcionam e diálogos desconexos. Essa abordagem exageradamente peculiar dificulta a conexão com o público e transforma o que poderia ser charme em irritação.
A trama se desenrola com a introdução de uma femme fatale (DeWanda Wise), que serve como catalisadora para um esquema envolvendo corrupção e desvio de recursos hídricos, ecoando superficialmente o clássico Chinatown. No entanto, o roteiro falha em dar profundidade ao mistério, resultando em uma narrativa fragmentada que nunca atinge seu potencial. Enquanto a cidade de Los Angeles é um cenário rico para histórias desse tipo, aqui ela é subutilizada, reduzida a um pano de fundo sem alma.
Mesmo com um elenco de peso, incluindo Annette Bening, Danny DeVito e Jennifer Jason Leigh, o filme não consegue tirar proveito de seus talentos. Bening e DeVito, que desempenham figuras parentais improváveis na vida de Darren, estão visivelmente esforçados para dar vida a personagens superficiais. De maneira semelhante, Leigh aparece em uma subtrama romântica que não se justifica e pouco adiciona à história.
A direção de Pine também deixa a desejar. Enquanto a estética do filme tem momentos inspirados, com uma vibração retrô que remete a outros noirs modernos como Vício Inerente, a falta de coesão narrativa e o ritmo arrastado tornam a experiência frustrante. Pine parece mais interessado em explorar suas ideias excêntricas do que em construir uma história que engaje o público.
O Cara da Piscina é um projeto ambicioso, mas que se perde na tentativa de equilibrar humor absurdo, drama noir e comentário social. Apesar de alguns momentos isolados de brilho — principalmente graças ao elenco talentoso —, o filme não encontra seu tom e acaba sendo mais confuso do que intrigante. Para Chris Pine, fica o desafio de, em futuros trabalhos, aliar suas ideias criativas a uma execução mais consistente.