O Diabo Disse Não

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"O Diabo Disse Não": Uma jornada peculiar pelo amor e pela redenção

O Diabo Disse Não, dirigido por Ernst Lubitsch, é uma deliciosa comédia de costumes que explora, com leveza e sofisticação, os altos e baixos de uma vida dedicada aos prazeres terrenos. Ao combinar humor e um toque de fantasia, o filme nos conduz por uma narrativa introspectiva e encantadora, típica do diretor.

A trama acompanha Henry Van Cleve (Don Ameche), um playboy nova-iorquino que, após sua morte, decide apresentar-se ao Diabo acreditando merecer o inferno. Para decidir seu destino, o diabo, interpretado de forma elegante por Laird Cregar, pede que Henry relate os momentos mais marcantes de sua vida. A partir daí, o filme revisita sua trajetória, desde a infância até os relacionamentos que marcaram sua existência.

Lubitsch, em sua primeira incursão no cinema em cores, demonstra maestria na direção, utilizando paletas vibrantes para destacar o estilo de vida luxuoso de Henry e os ambientes elegantes que moldam sua história. O uso do flashback como recurso narrativo permite uma visão bem-humorada e, ao mesmo tempo, reflexiva sobre os erros e acertos do protagonista, humanizando sua figura e tornando-o uma representação cativante das imperfeições humanas.

Embora Don Ameche entregue uma performance charmosa como o “Casanova inocente”, o filme perde um pouco de força devido à falta de química entre ele e Gene Tierney, que interpreta a bela e determinada Martha, o grande amor de Henry. Apesar disso, Tierney brilha em cena com sua presença magnética e contribui para alguns dos momentos mais memoráveis da história.

O roteiro de Samson Raphaelson, inspirado na peça húngara Birthdays, equilibra comédia e melancolia de forma primorosa, oferecendo um olhar irônico sobre convenções sociais e morais. As interações de Henry com o diabo, especialmente, são um ponto alto do filme, misturando humor sagaz e uma reflexão inesperada sobre redenção.

O Diabo Disse Não é um exemplo marcante do “toque Lubitsch”, uma combinação única de inteligência, charme e sofisticação. Apesar de alguns tropeços no elenco principal, o filme continua sendo uma obra cativante, capaz de arrancar risos e despertar empatia ao mesmo tempo, provando que até mesmo as vidas imperfeitas têm sua beleza redentora.

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