O Exorcista – O Devoto

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"O Exorcista: O Devoto" - uma nova era de possessão e horror

Habitantes dos cantos escuros da terra, sejam bem-vindos a mais review aqui, no Quadro por Quadro, e estejam preparados para enfrentar os seus medos, pecados e traumas mais obscuros.

Um casal aproveita sua estadia em Porto Príncipe, no Haiti, desbravando os pontos da cidade, conhecendo e registrando a cultura ímpar do país caribenho. Enquanto o marido, fotógrafo profissional retratava vários locais, e a sua esposa, grávida, descansava no quarto de hotel, um forte terremoto atinge o país, resultando em ferimentos gravíssimos nela, gerado um dilema para a equipe

médica, que só poderia salvar um das duas, a mãe ou bebê em seu ventre.

Mais de uma década se passa, e a história foca no agora viúvo e pai solteiro, Victor Fielding, e sua filha adolescente, Angela, que desejando uma proximidade mais profunda com sua falecida mãe, busca juntamente com sua amiga Katherine uma forma de contato espiritual, às levando em uma terrível viagem sobrenatural.

O Devoto é uma versão moderna e atual da conhecida franquia O Exorcista, que começou há 50 anos, em 1973, – com o seu clássico e icônico início, dirigido por William Friedkin, e baseado na obra de William Peter Blatty – trazendo efeitos visuais diferenciados, principalmente nos momentos envolvendo o exorcismo, com um aspecto quase que “videoclíptico”, além disso, adiciona elementos em sua narrativa que aumentando o relacionamento do espectador com a história e personagens, e por fim, tanto a trilha quanto os efeitos sonoros existem essencialmente para reforçar os terrores e suspense presentes a todo instante.

Esta sequência não tenta ser o filme original, mas, sabe bem trabalhar elementos antigos da franquia, bem como ser uma produção moderna, buscando sua relevância tanto na série de filmes, bem como no cinema de horror atual.

Nesse caminho de busca por relevância e de ser relacionável com o público, alguns temas mais maduros trazidos para a superfície, como os protagonistas sendo uma família sem amarras com qualquer religiosidade, em que o pai é viúvo, e a filha que nunca conhecera a própria mãe. Também retrata uma comunidade bastante mista, com graus de religiosidade diferentes, e além disso, que portam as mais variadas crenças, tendo retratado mais fortemente a fé católica, evangélica e de matriz africana. Algo muito sério que também surge como algo central no longa, é o desaparecimento de menores de idade, e como todos da comunidade se juntam para recuperar elas. E por falar de crianças, elas são mostradas sem filtro, comportadas ou bagunceiras, barulhentas, irritantes ou sossegadas, e proporcionando aquele caos pessoal, que os pais, tios e avós conhecem, e são capazes de se relacionar muito bem.

Imagino que já reparou o quanto o conceito de família e comunidade apareceram neste texto, é porque a palavra-chave, o termo e conceito principal desta obra é o ser “Ecumêmico”.

Ecumênico: Que congrega pessoas de diferentes credos ou ideologias. ⊙ ETIM(1560) grego oikoumenikós,ḗ,ón ‘do ou aberto para o mundo inteiro’, pelo latim oecumenĭcus,a,um ‘universal, de todo orbe’.

Como o filme deixa bem claro, tudo é sobre pessoas, doar-se, viver comungando em comunidade. Precisamos uns dos outros para superar as adversidades, sejam nossos traumas pessoais, desaparecimento de entes próximos, assim como lidar com o resultado de todas as ações. E não é diferente com a possessão demoníaca, e o momento do ritual de exorcismo. Necessitando a reunião de várias crenças para combater o mal.

Ellen Burstyn retorna para a franquia como Chris MacNeil, agora uma autora de sucesso e com um vasto conhecimento sobre rituais de exorcismo nas mais variadas crenças, e que serve como um talismã dando força, reunindo todos ao seu redor para enfrentar o mal em sua pior forma.

Para encerrar os bons motivos para assistir a esse filme nos cinemas, as atuações elevam a qualidade da produção, com destaque para as de Lidya Jewett e Olivia O’Neill, que vivem as jovens Angela Fielding e Katherine respectivamente, principalmente a partir do ponto em que estão possuídas.

O Exorcista: O Devoto é uma obra da mente de David Gordon Green – e Peter Sattler – que também foi responsável pela mais recente trilogia Halloween. Supostamente o primeiro de uma trilogia – inclusive deixando pontas soltas como margem para uma continuação – baseada na obra de William Peter Blatty, e sequência direta do filme de 1973, o filme é distribuído pela Universal Pictures, e produzido pela Blumhouse.

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