O Franco Atirador

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"O Franco Atirador": um clássico sobre a guerra do Vietnã, com seus altos e baixos

Dos quatro principais filmes sobre a guerra do Vietnã feitos nos doze anos seguintes à queda de Saigon, O Franco Atirador foi o primeiro e, na opinião de alguns críticos, o melhor (os outros três são Apocalypse Now, Nascido Para Matar e Platoon). No entanto, embora seja justo argumentar que O Franco Atirador contém momentos brilhantes, o filme como um todo se desfaz por sua duração. O ritmo lento, especialmente durante o primeiro ato, e uma certa irregularidade geral impedem o longa de atingir a grandeza, embora muitas das performances possam ser rotuladas assim.

Para o diretor Michael Cimino, O Franco Atirador representou o auge de sua carreira. Porém, cheio de arrogância depois da recepção do filme no Oscar, ele embarcou em um projeto desastroso que afundaria seu futuro e quase levaria a United Artists à falência. O Portal do Paraíso pode não ter sido o pior filme já feito, mas está entre os piores fracassos de todos os tempos, permanecendo em um círculo de infâmia reservado apenas para alguns desastres cinematográficos.

O Franco Atirador se desenrola em três atos. O primeiro estabelece o trio principal – Mike Vronsky (Robert De Niro), Nick Chevotarevich (Christopher Walken) e Steven Pushkov (John Savage) – no contexto do seu mundo cotidiano. O segundo ato, que é mais curto, narra as atribulações de Mike, Nick e Steven no Vietnã. O terceiro ato do filme centra-se no regresso a casa.

A principal falha do longa fica evidente no início do processo. O segmento de abertura, pensado para apresentar os personagens, se prolonga por muito tempo. O casamento interminável é aparentemente apresentado em tempo real e cria uma sensação de impaciência no espectador. Quando o início demorado dá lugar às fascinantes sequências do Vietnã, que incluem o infame torneio de Roleta Russa, e que oferece atuações poderosas e intensas de De Niro e Walken (este último ganhando um Oscar).

O terceiro ato aborda um assunto que começava a atrair a atenção da mídia da época: o trauma associado ao retorno para casa depois da guerra. O filme mostra que ninguém que passa por uma experiência como essa, por mais “bem ajustado” que seja, jamais será o mesmo novamente.

O longa ganhou três merecidas indicações por atuação. De Niro, no auge de sua carreira, apresenta uma atuação poderosa. Christopher Walken, pouco conhecido na época, iguala De Niro cena a cena e, por ter competido na categoria menos competitiva de Ator Coadjuvante, conseguiu levar para casa o prêmio. Para Meryl Streep, isso representou a primeira de muitas indicações ao Oscar. É um crédito para sua habilidade de fazer um papel, aparentemente, genérico brilhar.

A passagem do tempo diminuiu um pouco do brilho de O Franco Atirador. Uma razão para os elogios contemporâneos foi a atualidade do assunto (a guerra do Vietnã havia terminado apenas quatro anos antes de seu lançamento). A abordagem em relação às questões dos veteranos tornou-o ousado, sendo Amargo Regresso seu único companheiro de destaque nessa área.

Assistindo ao filme hoje, ficam evidentes as falhas que foram ignoradas na época. O longa contém momentos – até mesmo trechos – de grandeza, mas como um todo, fica aquém do padrão que foi alcançado mais tarde por Nascido Para Matar e especialmente Platoon.

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