Algumas vezes, quando divagamos sobre nossa vida, podemos ser invadidos por momentos de tristeza, angústia ou pesar que vivemos. Repassamos as cenas, lembramos o que foi dito, mas principalmente, imaginamos tudo que poderia ter sido dito. O Homem Mais Feliz do Mundo, retrata como seria se alguém tivesse a chance de efetivamente viver os cenários que imaginou, na situação mais inusitada possível.
A diretora iugoslava Teona Strugar Mitevska (Deus é mulher e seu nome é Petúnia) nos apresenta Asja (Jelena Kordić Kuret), uma mulher a caminho de um evento de encontro às cegas. Depois de passar pelas perguntas iniciais de um questionário que deve fazer ela e seu par, Zoran (Adnan Omerovic), se conhecerem melhor, ele tem uma reação explosiva a uma das perguntas, o que logo evolui para várias outras ações que revelam como os dois na verdade se conhecem.
Intrigante. Essa é a palavra que talvez melhor defina esse longa que, já nas primeiras cenas, não deixa claro para os espectadores o que exatamente eles podem esperar. Uma mulher sendo observada de longe, casas com muros marcados por buracos de bala, um Drama? Pessoas completamente diferentes reunidas em um espaço corporativo de hotel, perguntas sendo respondidas em sequência, Romance? Essa não-clareza é bem-vinda, pois compensa parte da lentidão do filme.
Outro aspecto interessante é o ponto de vista, que se mantém sempre em Asja, com raras exceções. Em alguns momentos inclusive, a edição propositalmente deixa que parte das falas de outras pessoas estejam no centro da conversa dela, materializando o ato de ouvir a conversa alheia e incorporar novas informações.
Participante do festival de cinema europeu, My Meta Stories, O Homem Mais Feliz do Mundo vale a pena ser assistido por quão exótico e estranhamente possível apresenta sua trama. Quando nos damos conta, estamos vendo uma cena igualmente bizarra e habitual, que nunca aconteceria fora da grande tela, mas que já aconteceu com algum amigo, ou em nossos devaneios.
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