O Homem que Mudou o Jogo

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"O Homem que Mudou o Jogo": Jogando fora do manual

O Homem que Mudou o Jogo, dirigido por Bennett Miller e estrelado por Brad Pitt, é uma história inspiradora que transcende o universo do beisebol para explorar coragem, inovação e as complexidades das escolhas pessoais. Baseado no livro de Michael Lewis, o filme acompanha Billy Beane, o gerente do Oakland Athletics, que desafia as convenções do esporte ao adotar um modelo estatístico inovador para montar seu time. É um drama esportivo que, em essência, fala sobre quebrar paradigmas e enfrentar a resistência do status quo.

O ponto alto do filme é a performance magnética de Brad Pitt como Billy Beane. Ele traz humanidade e carisma para um personagem que poderia facilmente ter se tornado unidimensional. Beane não é o típico herói de Hollywood; ele é um homem comum enfrentando dificuldades financeiras, fantasmas do passado e o peso de decisões impopulares. Pitt interpreta com uma sutileza impressionante, deixando transparecer tanto a paixão quanto as inseguranças do personagem. Jonah Hill também se destaca como Peter Brand, um jovem analista que complementa Beane com sua abordagem racional e metódica.

A força narrativa de O Homem que Mudou o Jogo está em como ele conecta as estratégias estatísticas de Beane às emoções humanas. O roteiro, reescrito por Aaron Sorkin, mistura habilmente os diálogos rápidos e afiados característicos de seu estilo com momentos de introspecção. No entanto, a tentativa de equilibrar as ideias inovadoras de Beane com sua história pessoal, como a relação com sua filha, nem sempre funciona perfeitamente, criando uma certa desconexão entre as tramas principais.

Para os fãs de beisebol, o filme é um deleite. Ele revive momentos icônicos, como a histórica sequência de 20 vitórias consecutivas dos Athletics em 2002. Esses trechos são eletrizantes e bem dirigidos, trazendo intensidade para o campo. Contudo, o desfecho da temporada, marcado pela derrota na série contra o Minnesota Twins, é tratado de forma apressada, deixando a sensação de que a conclusão carece de impacto.

O diretor Bennett Miller opta por uma abordagem mais convencional, abandonando a ideia inicial de Steven Soderbergh de mesclar elementos de documentário com ficção. Essa decisão resulta em um filme acessível, mas que sacrifica a profundidade e o rigor com que o livro aborda as nuances do “Moneyball”. A crítica às limitações do método de Beane, que não resultou em títulos para os Athletics, é mencionada superficialmente, o que deixa o debate mais rico do material original ausente na adaptação.

Apesar disso, o filme não deixa de ser inspirador. Ele questiona o conformismo e celebra a coragem de arriscar, mesmo quando o sucesso imediato não é garantido. Pitt e Hill comandam a narrativa com maestria, e o talento de Philip Seymour Hoffman, mesmo com um papel limitado, adiciona um peso dramático significativo. É uma história sobre encontrar soluções criativas em meio a adversidades, com lições que vão muito além do esporte.

O Homem que Mudou o Jogo é, em última análise, uma ode aos visionários. Embora suas escolhas narrativas possam não agradar aos puristas do beisebol, o filme é uma experiência envolvente e emocional, especialmente para aqueles que apreciam histórias sobre a luta para mudar as regras do jogo — em qualquer campo.

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