O Som do Silêncio

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Com uma performance brilhante de Riz Ahmed, O Som do Silêncio fala sobre a liberdade em meio aos obstáculos.

A exploração dos sons no audiovisual criam uma experiência diferente quando a gente pensa nas referências dos sons que identificamos. Essa brincadeira de sensações pode levar as produções para um lado interessante e muito experimental em termos técnicos. Esse é o caso de O Som do Silêncio, filme de Darius Marder, que concorre ao Oscar por indicações de melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor som e edição. Mas esse recurso sonoro serve exclusivamente para fins narrativos, e é um ganho enorme para o filme que já conta com uma boa história.

No longa, o personagem de Riz Ahmed, é um ex-viciado que tem um duo de heavy metal com sua namorada Lou (Olivia Cooke), uma garota rica de descendência francesa. Os dois vivem em um trailer fazendo shows pelo país e estão prestes a fechar um álbum com uma gravadora, mas Ruben perde a audição e precisa se reerguer como deficiente auditivo.

O casal vive o romance clássico de Romeo e Julieta, em que a mocinha abandona sua vida para viver um sonho com o amado problemático. Mas o filme constrói uma jornada emocional de primeira na base da honestidade, com cenas e diálogos pouco elaborados que captam as performances dos atores e conseguem transmitir os sentimentos das cenas mesmo sem serem literais. Esse recurso de roteiro não subestima o espectador e cria uma atmosfera que conclui o filme no seu auge.

Como Ruben não aceita sua perda de audição, ele tenta de todas as formas realizar uma cirurgia que vai trazer de volta uma resposta do cérebro ao que ele entende como sonido. Sem entender muito bem como funciona, o seu comportamento é nitidamente de um adicto, horas infantil, que não mede esforços para conseguir um desejo incerto. A sua vulnerabilidade e fragilidade, conquistam a audiência de imediato, assim como a dificuldade de aceitação, que parece desaparecer quando ele ganha novos companheiros também surdos, mas logo isso cai em xeque.

O som do heavy metal na abertura do filme é carregado, incômodo e de má qualidade. Talvez tanto mal gosto tenha causado a surdez de Ruben. Trocadilhos a parte, esse é o detalhe que mais atrapalha quando se inicia a sessão. Muita gente pode desistir de assistir a partir daí. Mas fora isso, a jornada do filme é emocional na medida e Riz Ahmed entrega sua melhor performance da carreira, não é pra menos que seu nome fez parte de toda a temporada de premiações esse ano. O filme faz lembrar Nasce Uma Estrela em termos de estrutura de roteiro e é um play obrigatório na Amazon Prime Video.

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