Como lidar com situações difíceis e traumáticas, administrar crises e problemas familiares ou profissionais? Esses são alguns dos temas do filme de Léa Fehner que agora está disponível pelo My French Film Festival.
Os Ogros aqui não são criaturas verdes feito a animação Shrek, nem criaturas feitas em CGI como em Harry Potter, mas nada mais nada menos do que atores e atrizes que viajam com seu espetáculo pelo país, utilizando os recursos existentes e com almas meio ciganas, demonstrando que a vida segue seu curso com a mesma estrutura de famílias mais tradicionais. Sim, porque nessa companhia de teatro, misturam-se profissionais a uma família de profissionais da atuação. E com família, dá para se imaginar, vêm o bônus e também o ônus.
“Isso aqui é teatro, não um circo”. Essa fala define a confusão que ocorre no cotidiano de uma empreitada dessas. Também pudera, a atriz principal do espetáculo sofre um acidente e precisa ser substituída na última hora. A única que pode ajudar é uma ex-amante do dono da companhia, e sua presença remexe feridas antigas e perturba a dinâmica habitual do grupo. Por outro lado, temos atores que levam consigo seus filhos pequenos, que acabam fazendo a maior algazarra, atrapalhando o ritmo do espetáculo.
Em meio a conflitos familiares, temos o personagem que causou o acidente da atriz principal e este sofre com um drama pessoal envolvendo seu filho, acontecimento que desencadeou outros atritos com colegas de teatro e que dificulta a assimilação de um novo filho prestes a nascer.
Ogros é um filme sobre dilemas existenciais que precisamos enfrentar, crises pessoais que precisamos superar para seguir em frente, é uma apresentação das maiores neuroses e medos humanos em um ambiente inusitado, porém que reflete a condição humana mais fundamental: estamos todos no mesmo barco, vivendo nossos próprios espetáculos, que precisam continuar. The show must go on!