Olhos da Justiça

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Julia Roberts, Chiwetel Ejiofor e Nicole Kidman dão vida e show de interpretação no thriller "Olhos da Justiça"

Adaptação norte-americana do argentino O Segredo Dos Seus Olhos — ganhador do Oscar de Melhor Longa-Metragem Estrangeiro —, Olhos da Justiça é um thriller escrito e dirigido por Billy Ray (roteirista de Jogos Vorazes e Capitão Phillips), que prende a atenção do iní­cio ao fim, misturando a caçada a um assassino frio à busca dos protagonistas por redenção.

Estrelado por atores consagrados, como Chiwetel Ejiofor (indicado ao Oscar de Melhor Ator por 12 Anos de Escravidão), Nicole Kidman (Oscar de Melhor Atriz por As Horas) e Julia Roberts (Oscar de Melhor Atriz por Erin Brockovich, uma Mulher de Talento), Olhos da Justiça é uma espécie de quebra-cabeça, com uma estrutura temporal não linear, cujas peças (ou cenas) vão sendo aos poucos apresentadas, presente e passado se misturando, para irmos tecendo (e entendendo) a história.

O filme inicia nos dias atuais, nos apresentando Ray Karsten (Ejiofor), um ex-investigador de contraterrorismo do FBI em busca de um rosto familiar em um arquivo virtual de criminosos — depois sabemos, ele está há treze anos nesta busca. Logo em seguida, conhecemos Jess Cobb (Roberts), investigadora da promotoria. E, finalmente, Claire Sloan (Kidman), hoje Promotora Distrital, treze anos antes uma atraente graduanda de Harvard e recém-contratada assistente da promotoria, quando conheceu Ray e iniciou com ele uma história de amor platônico que serve de pano de fundo para a trama. A eles, somam-se personagens secundários compostos por um grupo de estrelas: os investigadores Bumpy (Dean Norris) e Reg (Michael Kelly) e o Promotor Distrital Martin Morales (Alfred Molina), chefe de Claire treze anos antes.

Como comentado, o filme se passa em dois momentos, divididos por um espaço de treze anos. Toda a história se inicia em um cenário de paranoia pós-atentados terroristas ao World Trade Center, com uma equipe de investigadores buscando pistas em uma mesquita sobre uma possível célula terrorista e sendo interrompidos pela notí­cia do estupro e assassinato de uma jovem, largada seminua em uma caçamba de lixo. Essa tragédia cai como uma bomba no grupo, ao descobrirem que a vitima é, nada mais, nada menos, que Carolyn, a filha de Jess.

Passado o choque inicial e iniciadas as investigações, sem nenhuma pista de possíveis suspeitos, Ray, amigo de Jess e sua filha, frequentador de sua casa, tem um palpite ao observar a forma como um rapaz olha para Carolyn em uma foto tirada em um almoço promovido pelo escritório para os investigadores e suas famí­lias, e fica extremamente intrigado por, aparentemente, nenhum de seus colegas saberem (ou quererem) informar quem era aquele indiví­duo que estava tranquilamente misturado a eles na imagem. A partir daÃí, vemos um homem obstinado (e obcecado) em encontrar seu suspeito (e sua redenção) e um grupo se dividindo, em uma verdadeira queda de braços, onde o assunto em pauta passa a ser o que seria mais importante: resolver um assassinato, ou obter possíveis informações sobre uma célula terrorista, que poderia salvar milhares de vidas. E enquanto tudo isso acontece, Ray e Claire (que é comprometida, antes noiva e depois casada) travam sua própria batalha, resistindo à paixão crescente.

Mas, e quanto a Jess? Enquanto tudo isso se desenrola, entre o ontem e o hoje, entre esse intervalo de treze anos, o drama dessa mãe que perdeu sua única e amada filha parece apático, em segundo plano; contudo, aqui, caros amigos, é que reside a verdadeira história e a grande reviravolta.

Julia Roberts dá um show de interpretação, construindo uma personagem sólida, se despindo totalmente da vaidade para mostrar a transformação desse indiví­duo destroçado, que revive o assassinato brutal da filha a cada dia. Está na cara, no olhar (às vezes distante) e, inclusive, em sutis tiques nervosos que ela adota. Não à toa, em um momento dramático do filme, Ray diz a ela: “você parece estar com um milhão de anos”. Realmente, ela parece.

Para quem gosta de um bom thriller, excelentes atuações e personagens interessantes, Olhos da Justiça é, certamente, uma ótima pedida.

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