Os Dez Mandamentos (1956)

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O espetáculo de "Os Dez Mandamentos"

Cecil B. DeMille assinou sua última e talvez mais grandiosa obra com Os Dez Mandamentos, uma adaptação épica da história de Moisés. Com um elenco estrelado, incluindo Charlton Heston no papel principal, o filme se destaca não apenas pela grandiosidade de suas cenas, mas pela forma como captura a essência de um espetáculo cinematográfico, misturando exagero e magnificência. Lançado em 1956, é uma verdadeira obra-prima de produção, que define o apogeu de DeMille como cineasta e showman.

A narrativa se desvia dos detalhes bíblicos para criar um enredo mais acessível, que mistura elementos dos textos sagrados e fontes históricas. Embora o roteiro, coescrito por Aeneas MacKenzie e Jesse Lasky Jr., não busque uma fidelidade absoluta aos relatos, ele foca nos momentos mais grandiosos da vida de Moisés, como a fuga do Egito e a travessia do Mar Vermelho, que são apresentados com efeitos especiais de tirar o fôlego (para os filmes da época). O resultado é um filme bombástico, que se entrega ao kitsch de maneira admirável, encantando pela exagerada grandiosidade.

A produção é uma das maiores da história do cinema, com sets que impressionam pela escala e pela atenção aos detalhes. DeMille, conhecido por sua obsessão por grandiosidade, cria um mundo cinematográfico onde o excesso é parte do espetáculo. A travessia do Mar Vermelho, com efeitos especiais pioneiros para a época, é uma das cenas mais icônicas do cinema. Muitos espectadores voltavam aos cinemas só para ver essa sequência mais de uma vez, refletindo a força da experiência visual do filme para sua época.

Porém, Os Dez Mandamentos não se limita a ser uma demonstração de grandiosidade visual. Embora a narrativa seja muitas vezes superficial e os diálogos excessivos, DeMille consegue construir uma história que, em suas falhas, não perde seu impacto emocional. A relação entre Moisés e Ramsés (Yul Brynner) é, sem dúvida, uma das mais memoráveis, com a entrega da sucessão que é marcada por uma tensão dramática impressionante.

O filme não foge do que DeMille sabia fazer de melhor: criar uma atmosfera de espetáculo e de moralidade inquestionável. A atuação de Heston como Moisés é exagerada, mas no melhor estilo da época, dando vida a um personagem que, para os padrões modernos, pode parecer antiquado, mas que se encaixa perfeitamente no tom épico do filme. Yul Brynner, como Ramsés, faz um contraponto interessante, trazendo uma intensidade que complementa a grandiosidade do longa.

A direção de arte e o uso de cores são notáveis, com o filme sendo um deleite para os olhos, especialmente na representação das cenas de batalha e do luxo das cortes egípcias. A mistura do magnífico e do ridículo é uma marca registrada de DeMille, e é essa mistura que torna o filme inesquecível, mesmo que não seja uma obra-prima em termos de narrativa ou profundidade de seus personagens.

Em termos comerciais, Os Dez Mandamentos foi um sucesso absoluto, arrecadando $122,7 milhões em sua estreia e se tornando o filme mais popular daquele ano. Mesmo hoje, é lembrado como um dos maiores sucessos de Hollywood, um filme que, mais do que qualquer outro, representa a era de ouro dos épicos bíblicos e o apogeu do cinema de espetáculo. Com seus excessos, ele continua sendo um marco na história do cinema.

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