O ser humano está em constante evolução. Todo ser vivo que nasce, carrega consigo códigos de singularidade e outros que são compatíveis com seus semelhantes. Família, é também aquela que compartilha da mesma linhagem, mas a luta pelo poder de decisão sobre o rumo de nossa existência e sobrevivência, cabe a nós mesmos. Agora imagine um mundo habitado por 274 clones de mulheres idênticas, espalhadas pelo mundo após um experimento científico imprudente, com o objetivo de criar vidas humanas e transformá-las em cobaias de um plano secreto maior do que o próprio conceito de sobrevivência.
Orphan Black, série criada por John Fawcett e Graeme Manson em 2013, chegou com uma proposta de trazer essas questões sobre o poder do próprio corpo na pele de uma protagonista com capacidade de se desdobrar em várias clones idênticas. Tatiana Maslany, a vencedora do Emmy de melhor atriz pela performance na série, entregou 5 anos de dedicação as irmãs e ao Clone Club. Na reta final do programa, que se manteve em alta em todas as temporadas, pudemos entender um pouco mais sobre os objetivos da série, além de entreter e mostrar o poder feminino dividido entre personalidades fortes.
A história que criou vários pontos de teorias, se fecha na figura do escritor de ficção, adorado por boa parte do elenco desde a primeira temporada, P. T. Westmorland e sua fórmula da juventude. Mesmo Orphan Black estando diretamente ligada à ciência, essa temporada tenta simplificar as explicações desinteressantes sobre sequenciamento de genes e pula para uma linguagem objetiva, trabalhando basicamente os conceitos de evolução e de experimentos bem sucedidos para curar doenças.
O roteiro ficou mais ágil por conta da conclusão do arco e esse ritmo mais acelerado favoreceu a experiência de assistir aos 10 últimos episódios, que estão tão bons quanto os da terceira temporada, a melhor até então. Muitas lacunas na trama são preenchidas de explicações, mas outras são claramente esquecidas para não fazer o expectador perder tempo. O roteiro também encaixa em cada episódio, alguns flashbacks das protagonistas para nos lembrar do laço afetivo que temos por elas. Todos os episódios são bem dedicados a esse processo de criar vínculo emotivo para um acontecimento devastador na vida de Sarah.
Sarah, Alison, Cosima, Rachel e Helena, marcaram a televisão mundial com seus encontros na mesma cena, sem parecer forçado ou irreal. Também trouxe de volta uma trama investigativa de conspiração que parecia não combinar mais com os dias de hoje, mas sua fórmula mostrou que o público tem interesse por uma líder mulher que pode transmitir uma mensagem universal, assim como foi Alias nos anos 2000 ou Buffy nos anos 90. Cheio de qualidades técnicas e boa direção de atores, Orphan Black encerra sua trajetória no timing certo.