Este filme aqui tem mais valor histórico e deve ser observado como muito valioso para sua época. Hoje eu coloco ele na categoria de chato, mas que deve ser assistido como importante para a história do cinema.
Devo confessar aqui que normalmente sou a pessoa que odeia filmes de guerra (apesar de terem alguns muito bons, que têm colocado os personagens em uma posição mais humana e crível), então fiquei um pouco bolada quando comecei a assistir “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”. E muito incomodada quando vi que o filme tem duração de quase 3 horas.
Começamos acompanhando três homens voltando da Segunda Guerra Mundial, todos indo para a mesma cidadezinha onde seus familiares vivem. Cada um com sua história: um casado com filhos, outro recém-casado e morando com os pais, e outro que deixou a namorada e agora volta com ganchos no lugar das mãos e preocupado com as reações da moça.
Bacana, confesso, é que nenhum deles é retratado como herói e tal, apesar de algumas cenas darem uma forçada no nacionalismo e nas razões pelas quais eles lutaram na guerra (no fundo, no fundo todos vão sem saber muito bem pelo que estão lutando). Mas o drama do ajuste social no retorno da guerra também é chato pra chuchu, e me deixa com mais ódio ainda desse lance de guerra (gente, pra quê, afinal de contas, países entram em guerra? Ô, inferno!).
O filme teve um sucesso tremendo quando foi lançado, praticamente dois anos depois de a guerra acabar (parece óbvio porque fez sucesso, né?), enchendo cinemas principalmente nos Estados Unidos. O filme levou quase todos os Oscar para os quais foi indicado, e inclusive inventaram um Oscar para premiar o ex-veterano de guerra que perdeu as mãos e fez o papel de Homer no filme.
Mas apesar de todo o drama, vale a pena aturar toda essa chateação pra uma coisa muito positiva: os aspectos técnicos do filme. Primeiro, ele é dirigido pelo incrível William Wyler, que é um dos diretores mais famosos da história de Hollywood (indicado para 13 Oscars e vencedor de 3!), diretor de Ben Hur, um dos meus filmes preferidos! Em “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” ele trabalhou com o diretor de fotografia Gregg Toland (que trabalhou na fotografia de Cidadão Kane, pra você entender de quem estamos falando) para entrar para a história do cinema com sua técnica de foco profundo, com personagens em foco tanto no primeiro quando no segundo plano. Uma revolução para a época, e muito engenhoso para contar a história (olhamos para o que está acontecendo no primeiro plano ou acompanhamos o segundo, ou tudo?). Bom, de novo, olhe com olhos de quem nunca viu um filme em 2023, ok?