Em sua estreia como diretora, Susanna Fogel, em parceria com a roteirista Joni Lefkowitz, traz a irmandade feminina como tema em Parceiras Eternas (2014), longa que chega com atraso nos cinemas brasileiros. Com um elenco conhecido de séries cultuadas por jovens como Gossip Girl e The O.C. o filme tenta tratar de amizades em contexto de diversidade. mas acaba falhando conforme o enredo vai ganhando corpo.
Na abertura de Parceiras Eternas as amigas Paige e Sasha se encontram para irem à Parada Gay, Sasha é homossexual e Paige acompanha a melhor amiga em quase tudo. São cenas sobre diversidade, amizade e parceria que introduzem a saga que o espectador irá acompanhar das amigas, mas logo começam os clichês. Paige e Sasha estão quase na casa dos 30 anos e não se dão muito bem nos relacionamentos, passam horas trocando mensagens, conversando e se lamentando sobre suas situações. Mas tudo muda quando Paige – a amiga heterossexual – conhece Tim, um médico nerd que a faz ver que relacionamentos valem a pena e que – ela repete isso o filme inteiro – chegando aos 30 anos é hora de dar um “jeito” na vida, afinal ela já é advogada de sucesso, só falta o marido. Sasha é a eterna outsider, nada dá certo para ela, sonha em ser musicista mas trabalha como recepcionista, as mulheres que conhecem são fúteis e pouco sérias e agora, a melhor amiga está lhe abandonando.
Há uma impressão que Parceiras Eternas quer se parecer muito com Frances Ha (2013), filme recente e sucesso do diretor indie Noah Baumbach, tentando falar dos novos adultos, das crises de identidade e da importância das amizades. Com o benefício de ser uma mulher dirigindo, um longa com uma temática tão forte como a amizade entre mulheres e Gênero, o roteiro de Joni acaba caindo em vários clichês, reforçando estereótipos velhos e batidos. Não que Leighton Meester (Gossip Girl) não se saia até bem como Sasha, mas ao meio de tantas atrizes excelentes homossexuais, ela não poderia ser substítuida por alguma delas? E a forma como a vida regrada, monogâmica e tradicional de Paige é tida como idealizada e reforçada durante todo o longa como a certa, acaba insistindo nos velhos preconceitos sobre uma suposta promiscuidade homossexual.
Claro que o longa não é somente mazelas, mas é importante repensar as velhas formas de se tratar uma diversidade ainda sobre um olhar heteronormativo. Em vários pontos a dupla diretora-roteirista acerta mostrando a vida social das amigas em meio à uma comunidade LGBT de um subúrbio, nesse momentos muitos preconceitos são quebrados e ainda há um clima de diversão que arranca sorrisos do espectador.
Parceiras Eternas é um longa que coloca muitos questionamentos pertinentes em tela, mostrando em muitos aspectos a importância da sororidade entre mulheres independente do gênero, classe e etnia. Usando um tom descompromissado ainda coloca na tela as dificuldades de pertencimento ao que seria o mundo adulto e as metamorfoses das relações. Infelizmente o filme não vai muito longe, e se limita a reforçar que para tudo há uma resolução: seguir o padrão, pois raramente ele dá errado. Será mesmo? A resposta fica por conta do espectador.
Parceiras Eternas
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