Marcelo Lordello retorna ao drama com Paterno: o que acontece quando o mundo ao redor muda e você fica para trás? A resposta, aqui, é dada por Sergio (Marco Ricca), um arquiteto que parece estar sempre um passo fora de si mesmo. Descontente com o trabalho, que desempenha na empresa do pai (já afastado do cargo principal) ao lado do irmão, longe da família e cada vez mais perdido na própria vida.

Sergio tenta encontrar vestígios do que um dia acreditou ser sua identidade. Mas o filme deixa claro: nada mais é o que era, e a busca por uma nova versão de si não tem caminhos fáceis. Lordello opta por acompanhar essa busca com um olhar minimalista, comum ao espectador, mas que não sustenta a densidade que pretende.
A narrativa se estrutura em torno do cotidiano corporativo e familiar do personagem — e é justamente aí que passa a não funcionar. O filme quer comentar sobre o esvaziamento emocional dessas rotinas, mas acaba reproduzindo parte desse tédio: sequências que soam como aquelas reuniões que poderiam ser resolvidas com um e-mail. Há intenção, mas falta fôlego para transformar a apatia em alguma coisa que atinja realmente o público.

Os atores envolvidos são competentes, Ricca segura bem a introspecção do protagonista, mas os personagens parecem rasos, presos a características que nunca se desdobram em camadas mais complexas. As situações levantadas pelo filme (sobre crise pessoal, trabalho, paternidade e pertencimento) acabam fazendo menos peso como provocações e mais como ideias já exploradas em reflexões cotidianas, daquelas que circulam em posts e textos curtos pelas redes sociais.
É um drama que poderia mergulhar fundo na subjetividade do personagem, mas prefere permanecer na superfície, e quando os créditos sobem, o vazio que fica é mais de expectativa não atendida do que de reflexão.




