As obras do diretor Robert Rodriguez são divididas entre os filmes adultos como Sin City, Machete, A Balada do Pistoleiro e Um Drink no Inferno e os filmes infantis como Pequenos Espiões e As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl. Ambos os mundos são bem separados pela temática, mas costumam ter elementos muito comuns entre si, como seus personagens principais, que sempre carregam a descendência latina com muito orgulho. A mesma despretensão de realmente não se levar muito a sério e fazer filmes que explorem sexualidade, ação, nacionalismo e muita política, funciona ainda melhor em seus filmes infantis que presam pelo descomplicado. Em Pequenos Grandes Heróis, o diretor ressuscita o universo que criou em 2005 com Sharkboy e Lavagirl e eleva esse universo para um patamar que o público está mais habituado em 2020 com tantos filmes de super-heróis por aí. O interessante é que o filme resgata a inocência dos anos 2000 que é tão prazerosa de se ver que até para os adultos a diversão é válida, mas com certeza o público alvo são as crianças.
Na trama, todos os heróis adultos são capturados, e seus filhos, também poderosos, precisam se unir para salvá-los e também para defender a terra de alienígenas. O legal é que a história se passa pelo ponto de vista dos filhos, que enxergam os pais como referência, se orgulham e se espelham na imagem forte que eles têm. Muito parecido com qualquer criança que ao ver os pais trabalhando querem imitar aquela rotina em forma de brincadeiras. O roteiro é bem direto em focar nas jornadas de cada uma das crianças e utiliza os seus poderes para linkar a suas personalidades, unindo o útil ao literal. Quem ganha todo o destaque é a pequena Guppy (Vivien Blair), filha do Sharkboy e da Lavagirl e dona de uma superforça que rende momentos fofos e engraçados ao mesmo tempo. O restante do elenco mirim segura a trama todo muito bem e entregam atuações muito boas para a proposta. Afinal o desafio de protagonizar um filme com Pedro Pascal (Mulher Maravilha 1984), Christian Slater (Mr. Robot), Boyd Holbrook (Logan) e Priyanka Chopra (Quantico) não é fácil.
Um dos maiores ganhos para essa produção, foi o fato de estrear no serviço de streaming da Netflix e não nos cinemas. É o filme perfeito para o dinamismo da plataforma e cabe muito bem para uma história leve, pura, com crescente já conhecida e vista mil vezes, porém que não se esgota pela habilidade de Robert Rodriguez em olhar para o esse público sem saudosismo e criar para eles uma nova geração de heróis.