Pobres Criaturas, dirigido por Yórgos Lánthimos e estrelado por Emma Stone (Cruella), apresenta uma narrativa única que mistura romance e ficção científica em um cenário alternativo da Era Vitoriana. Baseado no livro homônimo de Alasdair Grey e inspirado no clássico Frankenstein, o filme traz uma história que desafia categorizações convencionais, oferecendo uma lufada de ar fresco em meio às produções de 2023.
O filme se passa em uma realidade alternativa bizarra, onde o cientista médico Dr. Godwin Baxter (interpretado por Willem Dafoe), apelidado de God (Deus), realiza experimentos à la Frankenstein para trazer os mortos de volta à vida. O ano é 1800, mas Lanthimos usa sua licença artística para criar cenários hiper estilizados em locações como Lisboa, Londres, Paris e um navio de cruzeiro. O filme não busca recriar historicamente, mas sim empregar licfavoença artística para enfatizar a irrealidade da história.
O experimento principal de Dr. Baxter é Bella Baxter, interpretada por Emma Stone, uma espécie de “filha” trazida de volta à vida após seu cérebro ser substituído pelo do filho ainda não nascido. A trama se desenrola com Bella aprendendo a se mover e falar, com a assistência do estudante de medicina Max McCandles (Ramy Youssef), que se apaixona por ela. O filme leva Bella em uma jornada por diferentes partes da Europa, onde sua natureza sexualmente insaciável cria situações hilárias e inesperadas.
Pobres Criaturas pode ser considerado um retorno de Lanthimos ao cinema que o consagrou, e, depois de A Favorita, o cineasta retorna a territórios mais idiossincráticos. O filme oferece uma experiência visual deslumbrante, com uma paleta de cores rica e um design de produção que contribuem para a estética única. Stone está perfeita em uma interpretação desafiadora, enquanto Mark Ruffalo, como o cômico Duncan Wedderburn, complementa brilhantemente a atuação da atriz.
Visualmente, o filme é incrível, com Lanthimos constantemente envolvendo os espectadores em suas imagens. As lentes olho de peixe dão um toque distorcido a certas cenas, enquanto os figurinos e o design de set contribuem para a estética geral. A comédia é ousada, por vezes macabra, e muitas vezes lembra o estilo de Monty Python.
Em resumo, o longa desafia as convenções cinematográficas, oferecendo uma experiência única que equilibra humor ousado, elementos dark e uma mensagem séria sobre a autonomia feminina. Em um ano repleto de produções previsíveis, o filme de Lanthimos destaca-se como uma das melhores e mais originais opções para os amantes do cinema.