Com direção de Marcelo Antunez (Um Suburbano Sortudo), Polícia Federal – A Lei é Para Todos quer ser uma superprodução, mas lembra mais as séries enlatadas americanas ou a clássica novela das 21h da Rede Globo, com diálogos que parecem ter saído das comédias de novelas das 19h. Aliás, a emissora é o grande referencial informativo do filme.
A produção já começa empurrando goela abaixo o conceito de corrupção desde os idos de 1500, dando uma aulinha de história que tem a intenção de ser um pendulo para convencer o espectador. Justificando que foram necessários mais de 500 anos para alguém se impor e ficar incomodado com tamanha roubalheira. Tentaram produzir super-heróis do circo todo, mas até o Capitão América convence mais nesse processo.
Quanta pretensão! Então é isso… tudo culpa de Portugal! Isso tudo serve para criar uma ideologia dentro do filme, que fica transitando entre um jabuti e uma caneta. Super político dentro desse cenário, e de extrema direita, com não poderia deixar de ser.
O filme parece uma sátira da sátira da série Lei e Ordem, pois em muitas situações coloca seus heróis como pessoas de índole inabalável. São seres perfeitos no trabalho, na vida pública, na carreira e com a família, ou seja, não há conflitos. Chega a ser engraçado ver a retidão exagerada desses personagens.
Se é um filme de investigação? Não, nada mais é do que uma campanha maciça para dominar as cabeças dos espectadores. Parecendo afirmar: “podemos dominar vocês nessa tela grande também”, “olha pra cá, somos os corretos e honestos e só queremos a justiça” e “não estamos do lado de ninguém”.
Mocinhos chatos e um vilão caricato, sim o personagem de Lula, vivido por Ary Fontoura, é nitidamente entregue como de um vilão e Yussef dá a voz a um personagem trapalhão e cheio de falas ácidas no que era pra ser o estilo tragicomédia.
Atuações rasas e sem graça em um roteiro fraco, apenas Antônio Calloni se salva nesse quesito. Em Polícia Federal – A Lei é Para Todos tudo é extremamente plastificado. Força em querer ser didático e ao tentar convencer as pessoas de como elas devem pensar, funcionando quase como uma doutrinação, terminando sem fim porque foi feito sobre um acontecimento que não está nem perto de ser encerrado ainda. É como se o peixeiro estivesse enrolando o peixe no jornal de hoje. Não faz nenhum sentido.
Pode inclusive ser usado como material na próxima propaganda eleitoral gratuita.
P.S.: Se você tem alguma dúvida: a lei não é pra todos, por mais que o subtítulo do filme o diga!