Como Não Perder Essa Mulher

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"Como Não Perder Essa Mulher" tem diversos twists e não é clichezona

Estava muito curiosa para ver “Como não perder essa mulher”, principalmente porque este é o primeiro longa escrito e dirigido por Joseph Gordon-Levitt, em que também atua ao lado de Scarlett Johansson e Julianne Moore.
A princípio, o filme parece ser uma comédia-padrão: cara bonito e sarado (ou pelo menos ele acha que é…), pegador, não se apaixona por ninguém até conhecer uma garota arrasa-quarteirão. E aí o resto é história. Mas não… esta comédia tem diversos twists e não é clichezona, não! Tá bom, até tem um clichezinho básico aqui e ali – que filme hollywoodiano não tem, gente? –, mas não estraga a beleza desta comédia muito bem feitinha.

A história gira em torno das aventuras românticas (na verdade, não muito românticas) de Jon (Gordon-Levitt), levando em consideração suas rotinas e hábitos. Como um bom americano de origem italiana, ele preza por família, igreja, amigos e seus pequenos prazeres: limpar o apartamento, colecionar relacionamentos descartáveis com mulheres e assistir a vídeos pornôs na internet. Bem, ele não só assiste aos vídeos, mas interage com eles, de certa forma. E tira mais prazer destas “relações” do que do contato real com as mulheres diferentes que leva pra cama toda noite. E pior de tudo: já está viciado nesta rotina, ao ponto de sabotar relações.

Além deste tema, polêmico por normalmente ser mantido a sete chaves por casais que sofrem com o problema, temos também alguns outros. Todos profundos e geradores de muitas discussões, reflexões. Por exemplo, o filme faz alusão aos hábitos que criamos, principalmente os que não são significativos ou importantes, mas que sustentamos sem sequer pensar a respeito. No filme, Jon vai à igreja. Todo domingo. Reza. Confessa que assistiu a pornôs e que teve relações sexuais fora do casamento (ai, tenha dó!). Ele cospe a confissão de forma mecânica, rápida, como se fosse uma gravação. O padre recomenda quase sempre mesmo número de orações. Ele cumpre sua penitência enquanto faz seus exercícios na academia.

Outro tema interessante é o das necessidades construídas pela sociedade. No filme, Barbara (Johansson) quer encontrar o cara perfeito, ou seja, aquele que vai fazer todas as suas vontades e tratar ela como a bonequinha que é. A cena que ela e Jon estão em seu quarto mostra uma porção de bibelôs e outros objetos cultuando o amor, o happily ever after. Ela está totalmente focada nesta busca e sabe como jogar para conquistar o cara que ela acha que vai atender às suas necessidades. E o velho Jon, o poderoso garanhão, o macho alfa, acaba fatalmente domesticado.

Depois de filosofar tanto sobre o filme, tenho que voltar um pouco e falar sobre sua estética. Muito boa. Adorei. Cortes rápidos, secos, abuso de closes, infinitos detalhes, mudança de cor para mostrar certos padrões, repetições, repetições, repetições – ainda mais com um personagem tão cheio de rotinas e padrões. Diálogos? Muito bons, com ritmos Isso tudo só ajudou nas atuações – muitas vezes exageradas, como se estivessem esfregando a temática do filme na sua cara. Pode ficar meio intragável, de vez em quando, mas isso tudo só ajuda a história.
Indicação: vale a pena assistir no cinema, pra curtir toda estética do filme.

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