Enorme

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Filme é um retrocesso de criatividade e bom senso

À primeira vista, o filme Enorme, parece se tratar de um machismo extremo de submissão e controle impostos pelo marido à sua esposa.  Já na cena inicial, Frédéric pergunta e responde em nome de Claire, sua esposa, excluindo qualquer poder de fala ou escolha dela. Essa ferramenta narrativa tenta contextualizar o estilo de humor, de extremo mau gosto, que o filme reserva.

Claire é uma pianista bem sucedida e seu marido Frédéric é o seu faz tudo. Empresário, relações públicas, massagista e o que mais ela precisar. O casamento dos dois possui uma dinâmica agitada por conta das viagens de Claire e a ideia de ter filhos nem passa pela cabeça do casal. Até que durante um voo, Frédéric tem um despertar para a paternidade ao testemunhar um parto em pleno avião. Como tem o controle de toda a vida de Claire, inclusive de suas pílulas contraceptivas, ele resolve simplesmente sabotar o seu uso e Claire fica grávida.

O filme talvez não perceba a problemática de seu humor descabido por pensar com inocência sobre o tema e colocar a vontade de ter filhos partindo do homem como um acidente fofo e engraçado e tornando ele a peça mais carismática do filme em oposição ao papel da mulher. Acontece que é tirado da protagonista, o poder de escolha sobre seu próprio corpo e isso parece não incomodar ninguém. Seria facilmente aceitável uma narrativa desse tipo vinda de Pedro Almodóvar, por exemplo, que utilizaria esse viés como gancho dramático, mesmo que em uma comédia, iguais as que ele já está acostumado a fazer.

Em retrocesso de criatividade e bom senso, o filme Enorme, escrito e dirigido por Sophie Letourneur, brinca com a construção forçada de uma família, trazendo graça para uma protagonista apática e conivente ao ocorrido absurdo que sofrera.

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