Você pode ver Rodin como um trabalho de preparação para visitar o Museu Rodin, em Paris, parceiro na produção deste filme. Assim talvez ele funcione. Agora, se você espera mais do que duas horas maçantes sobre a vida do visionário artista, essa não é a cinebiografia que você precisa ver.
Rodin é apenas reverencial sobre um dos escultores tido como o mais revolucionário do século XIX. O filme se passa em 1880, onde o escultor Auguste Rodin (Vincent Lindon, de O Valor de um Homem) já é bastante conhecido, mas nunca conseguiu nenhuma encomenda do Estado. Esta oportunidade chega aos 40 anos de idade, com a escultura “La Porte de l’Enfer”. Enquanto trabalha, ao lado da esposa, apaixona-se pela aluna Camille Claudel (Izïa Higelin, de Samba), sua mais talentosa aprendiz, que se torna sua amante. Quando este relacionamento escondido acaba, Rodin muda radicalmente a forma de seus trabalhos.
Aqueles que lembram bem de Camille Claudel, de 1988, podem ter curiosidade de saber como Jacques Doillon reimagina Rodin e Claudel, mas o problema é que Rodin não traz nada de novo na perspectiva desses personagens históricos – exceto que talvez o Rodin de Lindon é menos egoísta do que o de Gérard Depardieu era no filme anterior. Pelo menos o longa de 1988 era fluido, enquanto o de Doillon apresenta episódios na vida do escultor, separados por telas pretas que quebram o ritmo da coisa toda.
A presença física de Lindon em tela é impressionante. Ele é quase como uma escultura do próprio Rodin de tão denso no personagem. Enquanto isso a Camille Claudel de Higelin parece inocente, fraca e até simples nas primeiras cenas, mas quando as neuroses começam a apoderar-se de sua mente é que ela brilha.
Se você quer saber um pouco mais sobre esses personagens históricos, eles foram melhor retratados por filmes como Camille Claudel e Camille Claudel 1915, com Isabelle Adjani e Juliette Binoche no papel, respectivamente. Eles falam melhor sobre arte, amor, vida, paixão, medo e mundo, diferente deste conto pedante que é Rodin.